O abuso não é um argumento contra o uso correcto

O abuso não é um argumento contra o uso correcto
Provérbios Latinos

O facto de algo ser mal usado por alguns não invalida a validade ou a utilidade do seu uso adequado por outros.

Versão neutra

Um uso abusivo não invalida um uso correcto.

Quando se pode aplicar este provérbio?
Aplica‑se quando alguém usa um caso ou abuso isolado para rejeitar inteiramente uma prática, tecnologia ou regra que tem usos legítimos e benéficos.
Significa isto que nunca se devem impor limites?
Não. O provérbio distingue validade do uso de necessidade de regulação. Se o abuso é frequente ou causa danos graves, limites e regras podem ser justificados.
É ofensivo usar este provérbio em debates sobre abuso?
Pode ser insensível se usado para minimizar as experiências de vítimas. Deve ser usado com cuidado, reconhecendo a gravidade dos abusos enquanto se defende o uso correcto.

Usa‑se para contestar generalizações que rejeitam uma prática ou objecto por culpa de abusos isolados.
Comunicacionalmente, funciona melhor em debates racionais; deve ser acompanhado de evidência sobre o uso correcto.
Não serve para ignorar vítimas de abuso nem para recusar medidas de prevenção: distingue-se entre validade e regulação.
Registo: neutro a formal; apropriado em contextos civis, académicos, legais e de políticas públicas.

O facto de algumas pessoas terem usado a internet para difundir mentiras não significa que a internet deva ser abolida: o abuso não é um argumento contra o uso correcto.
Houve casos de profissionais que excessivamente prescreveram um medicamento, mas isso não prova que o medicamento não tenha indicações válidas quando administrado correctamente.
Alguém disse que como algumas pessoas mal utilizam ferramentas eléctricas então as ferramentas são perigosas por si — resposta: o abuso não é um argumento contra o uso correcto.
Em debates sobre liberdade de expressão, é comum ouvir que porque houve abuso dessa liberdade se deve limitar tudo; isso confunde abuso com uso legítimo.

Se o abuso for sistemático ou inevitavelmente decorrente do uso, pode justificar restrições, controlos ou proibições; a frase não nega essa possibilidade.
Em contextos de segurança pública ou de protecção de direitos, a preocupação com o abuso pode exigir medidas preventivas mesmo que o uso correcto exista.
Usar este provérbio para desvalorizar vítimas de abuso ou para recusar reformas legítimas é inapropriado; há que equilibrar defesa do uso correcto com prevenção e reparação do abuso.