A mentira só é vício quando faz mal; se faz bem, é uma grande virtude
Afirma que a avaliação moral de uma mentira depende das suas consequências: se prejudica é má; se beneficia alguém, pode ser vista como virtuosa.
Versão neutra
A moralidade de uma mentira costuma avaliar‑se pelas consequências: se prejudica é vicio; se beneficia, é considerada aceitável por alguns.
Faqs
- Significa isto que é aceitável mentir sempre que se pretende ajudar?
Não. O provérbio reflecte uma justificação consequencialista aplicada em situações concretas, mas não elimina riscos éticos, legais ou de confiança. Cada caso deve ser avaliado pelo âmbito, consequências previsíveis e alternativas honestas. - Existe uma expressão equivalente em português corrente?
Sim: 'mentira piedosa' descreve exactamente a ideia de mentiras contadas para poupar alguém ou produzir um bem imediato. - Em que contextos profissionais uma 'mentira benigna' pode ser aceitável?
Em contextos profissionais a honestidade é regra; excepções são raras e regulamentadas (por exemplo, comunicar notícias com cuidado ou adiar informação para preservar estabilidade emocional), devendo seguir códigos deontológicos e, quando relevante, obter consentimento informado.
Notas de uso
- Usa-se em discussões éticas ou coloquiais para justificar pequenas falsidades com fins benevolentes (ex.: mentiras piedosas).
- Funciona como argumento consequencialista: o juízo moral baseia-se no resultado, não no acto em si.
- Não é recomendável aplicar literal ou indiscriminadamente: a normalização da mentira pode corroer a confiança e produzir danos a longo prazo.
- Em contextos profissionais (medicina, justiça, jornalismo, direito), mentiras justificadas pela 'intenção boa' têm limites legais e éticos claros.
- Ao citar, clarificar o âmbito (situações pessoais, poupar sentimentos, proteger alguém) para evitar interpretações que justifiquem fraude ou abuso.
Exemplos
- Ao dizer à doente que o prognóstico era melhor do que realmente parecia para a tranquilizar temporariamente, o médico pensou que a mentira servia um bem — eis a ideia do provérbio.
- Quando os pais disfarçaram a surpresa de aniversário, recorreram a uma 'mentira piedosa' para causar alegria; o provérbio justifica esse tipo de falsa afirmação quando produz bem.
- Se um político mente para encobrir corrupção, a frase não se aplica: a consequência é claramente prejudicial e a mentira é vicio.
- Num contexto diplomático, escolher uma versão menos dura da verdade pode evitar um conflito imediato, mas também pode criar problemas futuros se a verdade vier a público.
Variações Sinónimos
- Mentira piedosa é virtude quando poupa dor.
- A mentira que faz bem deixa de ser vício.
- Quando protege, até a mentira se torna aceitável.
Relacionados
- A mentira tem perna curta (contraponto: as mentiras costumam ser descobertas).
- Os fins justificam os meios (semelhante no foco nas consequências).
- Mentira piedosa (expressão que descreve o mesmo fenómeno em linguagem corrente).
Contrapontos
- Argumento kantiano: mentir é sempre moralmente errado, independentemente das consequências.
- Risco prático: mentiras bem-intencionadas podem criar dependência, hesitação ou perder a confiança das pessoas quando descobertas.
- Legalidade: mentir para obter vantagem ou ocultar crimes pode constituir ilícito, mesmo que a intenção seja 'fazer bem' a curto prazo.
- Efeito cumulativo: aceitar mentiras em pequenas situações pode escalar para justificações para mentiras maiores e mais prejudiciais.
Equivalentes
- inglês
A lie is only a vice when it does harm; if it does good, it is a great virtue (relates to the idea of a 'white lie'). - espanhol
La mentira sólo es vicio cuando hace daño; si hace bien, es una gran virtud. - francês
Le mensonge n'est vice que s'il fait du mal; s'il fait du bien, c'est une grande vertu. - alemão
Eine Lüge ist nur dann ein Laster, wenn sie schadet; wenn sie Gutes bewirkt, ist sie eine große Tugend. - italiano
La menzogna è vizio solo quando fa male; se fa del bene, è una grande virtù.