Muito insolente é quem o diz, e mais quem mo traz a nariz.

Muito insolente é quem o diz, e mais quem mo traz ... Muito insolente é quem o diz, e mais quem mo traz a nariz.

Critica não só quem profere um insulto ou afronta, mas sobretudo quem o expõe directamente à vítima, agravando a humilhação.

Versão neutra

É já ofensivo quem o diz; é ainda mais ofensivo quem mo põe diante do nariz.

Faqs

  • O que significa exactamente este provérbio?
    Significa que a falta de respeito surge não só de quem profere uma ofensa, mas é ainda mais condenável quando alguém a expõe directamente à pessoa lesada, aumentando a humilhação.
  • Quando é apropriado usar este provérbio?
    Quando se quer censurar a atitude de quem não só insinua ou inventa algo, mas também o apresenta à vítima ou o torna público de modo provocador ou humilhante.
  • Este provérbio culpa sempre o mensageiro?
    Não necessariamente. O provérbio reflecte um juízo moral tradicional sobre a insolência de expor uma ofensa; contudo, em casos de denúncia legítima o acto de informar pode ser justificado e não deve ser tratado como censurável.
  • De que época é a linguagem deste provérbio?
    A construção e a colocação pronominal (por exemplo, «mo») são características de um português mais antigo ou popular. O provérbio traduz um uso tradicional do idioma.

Notas de uso

  • Expressão de registo popular e arcaizante; «mo» corresponde a «me o» (próclise/ênclise característica do português antigo).
  • Usa‑se para censurar tanto o autor de uma ofensa como quem a torna pública ou a dá a conhecer à própria pessoa lesada.
  • Aplicável em situações de boato, difamação, humilhação pública ou provocação deliberada.
  • Tom frequentemente reprovador: serve para chamar atenção para a responsabilidade acrescida de quem «leva» ou «mostra» uma ofensa.

Exemplos

  • O João não devia ter repetido a crítica na reunião — muito insolente é quem o diz, e mais quem mo traz a nariz.
  • Quando se espalharam as insinuações sobre a vida privada dela, ficou claro que não só quem começou a mentira tinha culpa, mas também quem a levou à própria interessada.

Variações Sinónimos

  • Mais rude é quem provoca do que quem apenas insinua.
  • Não só o autor da calúnia é culpado; quem a revela à vítima é ainda pior.
  • Ofensa é uma coisa; expô‑la à pessoa é outra bem mais grave.

Relacionados

  • Quem cala consente.
  • A palavra é de prata, o silêncio é de ouro.
  • Quem semeia ventos colhe tempestades.

Contrapontos

  • Nem sempre quem transmite uma informação é culpado: em contextos de denúncia (por exemplo, assédio) levar o assunto ao conhecimento da vítima ou das autoridades pode ser necessário e responsável.
  • Em algumas situações, expor um problema diretamente pode permitir resolução e defesa — nesse caso a ação de «trazer ao nariz» não é insolente, mas urgente.
  • A modernidade distingue entre espalhar boatos (reprovável) e comunicar factos para proteger alguém (legítimo).

Equivalentes

  • Inglês
    More insolent is the one who says it, and worse the one who puts it right under my nose. (approximate paraphrase)
  • Espanhol
    Más insolente es quien lo dice, y aún más quien me lo pone ante la nariz. (traducción literal aproximada)
  • Francês
    Plus insolent est celui qui le dit, et encore plus celui qui me le met sous le nez. (traduction littérale approximative)