Se os produtos de um comerciante/artesão não são vendidos, acabam por ser consumidos pela família — expressão de recurso para não desperdiçar mercadoria.
Versão neutra
Quando algo não se vende, acaba por ser usado em casa.
Faqs
O que significa 'alfeloeiro' neste provérbio? Alfeloeiro refere‑se a um ofício antigo ligado à produção ou venda de pequenos artigos artesanais. Hoje o termo é pouco usado; no provérbio é mais importante a ideia do comerciante/artesão cujos bens, se não vendidos, são aproveitados em casa.
É um provérbio ofensivo ou problemático? Pode ser considerado problemático por reproduzir papéis de género tradicionais (a mulher como gestora dos recursos domésticos) e por naturalizar que mercadorias não vendidas sejam apropriadas pela família. O uso crítico ou contextualizado é aconselhável.
Quando se usa este provérbio hoje? Usa‑se para comentar situações de aproveitamento de excedentes, medidas de contenção doméstica ou para descrever pequena produção que não encontra mercado. Frequentemente surge com tom irónico ou explicativo.
Notas de uso
Refere-se a uma situação económica em que bens destinados à venda são aproveitados em casa quando não têm procura.
Contém referência a um ofício antigo (alfeloeiro) e a um papel feminino tradicional — pode ser regional e arcaico.
Usa‑se para comentar prudência económica, aproveitamento de excedentes ou falta de mercado; por vezes é empregue com humor ou crítica social.
Exemplos
Na feira, o alfeloeiro trouxe o que não conseguiu vender para casa — afinal, mulher de alfeloeiro, quando não vende, come.
Se sobram as conservas da pequena produção e ninguém as compra, fazemos como diz o provérbio: usam‑se em casa.
Variações Sinónimos
Se não vende, serve para dentro de casa.
O que não se vende, há‑de comer‑se.
Relacionados
Quem não tem não põe mesa (uso popular sobre recurso e necessidade)
Do pouco se faz muito (sobre aproveitamento)
Contrapontos
Pode normalizar a apropriação de mercadoria destinada à venda, o que nem sempre é desejável do ponto de vista comercial.
Transporta estereótipos de género (assume‑se o papel feminino de tratar dos alimentos/consumos domésticos).
Em contexto moderno de registo profissional e direitos laborais, a ideia de 'comer o que não vende' pode ser vista como sinal de má gestão ou necessidade, não de virtude.