O que mendiga, tem fome, e o que arrota alhos, come.
Contraste entre necessidade e ostentação: os actos revelam a situação real de cada um — quem pede tem falta; quem demonstra sinais (como arrotar alhos) teve o suficiente.
Versão neutra
Quem mendiga tem fome; quem ostenta já comeu — os actos mostram a realidade de cada pessoa.
Faqs
- O que significa precisamente 'arrota alhos'?
'Arrota alhos' significa 'arrotar alho', isto é, soltar um arroto que cheira a alho — imagem usada para indicar que alguém comeu alho; figurativamente, mostra evidências de que tem algo ou o consumiu. - Qual é a mensagem prática deste provérbio?
Que os comportamentos e sinais exteriores são indicadores fiáveis da condição real das pessoas: a quem pede falta algo; a quem ostenta ou mostra sinais já dispôs do que afirma. - É apropriado usar este provérbio numa conversa formal?
Melhor reservar para contextos informais. Em ambientes formais, a expressão pode ser vista como rústica ou julgadora e exigir uma formulação mais diplomática. - Tem origem histórica conhecida?
Trata‑se de um provérbio popular transmitido oralmente em Portugal; não existe um autor ou data comprovada.
Notas de uso
- Usa‑se para sublinhar que o comportamento de alguém revela a sua verdadeira condição.
- Pode servir como crítica a hipocrisia: quem finge necessidade ou humildade pode ser desmascarado pelos seus actos, e quem ostenta demonstra ter recursos.
- Adequado em contextos coloquiais e em comentários sobre coerência entre palavras e actos; evita‑se em situações que exijam delicadeza, por poder soar julgador.
- Expressão arcaica em parte (especialmente 'arrota alhos'); pode precisar de explicação para públicos menos familiarizados com linguagem popular.
Exemplos
- Quando ele dizia que não tinha nada, mas pagou o jantar aos outros, lembrei‑me: 'o que mendiga, tem fome, e o que arrota alhos, come.'
- Numa discussão sobre quem realmente cuida das finanças, alguém comentou que quem se gaba de gastos normalmente tem dinheiro — 'o que arrota alhos, come'.
Variações Sinónimos
- Quem pede tem necessidade; quem se gaba já tem.
- A aparência mostra o que há: quem reclama tem falta; quem mostra sinais provou.
- Os actos denunciam a condição.
Relacionados
- Aparência não é a mesma coisa que realidade (uso crítico).
- Quem muito fala pouco faz (contraste entre fala e acto).
- Não prometas coisas que não podes cumprir (sobre coerência entre palavra e obra).
Contrapontos
- Nem sempre as aparências correspondem à realidade — alguém pode ostentar apesar de dificuldades (ex.: dívida, exibicionismo).
- Pedir ou mendigar não implica sempre carência absoluta — pode haver razões complexas (orgulho, circunstâncias culturais).
- O provérbio simplifica situações humanas e pode levar a julgamentos precipitados.
Equivalentes
- Inglês
Actions speak louder than words. - Espanhol
El que eructa ajos, los ha comido. - Francês
Les actes trahissent la réalité (literal: les actes en disent plus que les paroles).