A fome boceja a fartura arrota

A fome boceja a fartura arrota.
 ... A fome boceja a fartura arrota.

O comportamento humano muda com as circunstâncias: a privação tende a provocar contenção ou humildade, enquanto a abundância pode levar à ostentação ou presunção.

Versão neutra

A escassez costuma provocar contenção; a abundância tende a provocar ostentação.

Faqs

  • Quando é apropriado usar este provérbio?
    É apropriado para comentar diferenças de comportamento causadas por mudanças nas condições materiais — por exemplo, em análises sociais, comentários informais ou histórias que mostrem contraste entre pobreza e riqueza.
  • O provérbio tem tom ofensivo?
    O provérbio não é intrinsecamente ofensivo, mas pode ser percebido como crítico ou moralizador se aplicado directamente a alguém. Recomenda‑se prudência ao usar‑lo sobre pessoas concretas.
  • Transmite uma regra absoluta?
    Não. É uma observação geral sobre tendências de comportamento, não uma lei universal: nem toda a pessoa se torna ostentosa na fartura nem toda a pessoa se mostra contida na fome.

Notas de uso

  • Usa‑se para comentar a diferença de atitudes quando as condições de vida mudam (pobreza → recato; riqueza → exibicionismo).
  • Tom proverbia­l: adequado em conversas informais, crónicas ou comentários sociais; evita‑se como ataque directo a uma pessoa.
  • Tem função explicativa e crítica: aponta uma relação entre circunstâncias materiais e comportamento, sem justificar moralmente uma posição.

Exemplos

  • Durante a crise, a família comportou‑se com moderação; quando chegou a recompensa, a festa e a ostentação mostraram bem que a fome boceja e a fartura arrota.
  • No meu antigo emprego, quando havia cortes ninguém falava alto; quando surgiram bónus inesperados, começaram as grandes promessas — exatamente o que este provérbio descreve.
  • O ditado aplica‑se também à política: candidatos que prometem austeridade em tempos difíceis podem revelar‑se mais arrogantes quando conquistam poder e recursos.

Variações Sinónimos

  • A carência cala, a abundância pavoneia.
  • Quem tem pouco é comedido; quem tem muito gaba‑se.
  • Da fome vem a reserva; da fartura vem a vanglória.

Relacionados

  • A necessidade aguça o engenho. (relacionado: efeito das circunstâncias na conduta)
  • Quem muito tem, pouco sabe ser discreto. (variação crítica sobre a abundância)
  • Nem só de pão vive o homem. (indica que as atitudes não se definem só pela comida, contrapondo a leitura simplista)

Contrapontos

  • A fartura também pode gerar generosidade e partilha, não obrigatoriamente ostentação.
  • A fome pode forçar criatividade e solidariedade, em vez de apenas provocar humildade resignada.
  • Nem todas as pessoas mudam de comportamento conforme a riqueza; valores pessoais e educação também contam.

Equivalentes

  • en
    Literal: 'Hunger yawns, abundance burps.' — Conceptual: 'People's behaviour changes with their circumstances; scarcity breeds restraint, plenty breeds boastfulness.'
  • es
    Literal: 'El hambre bosteza, la abundancia eructa.' — Equivalente conceptual: 'La escasez promueve la modestia; la abundancia, la ostentación.'
  • fr
    Literal: 'La faim bâille, l'abondance rote.' — Sens similaire: 'Les comportements varient selon la privation ou l'opulence.'

Provérbios