A cuco não cuques, e a ladrão não furtes

A cuco não cuques, e a ladrão não furtes.
 ... A cuco não cuques, e a ladrão não furtes.

Admoesta contra imitar comportamentos reprováveis: dois erros não fazem um acerto; não justificares uma má ação porque outro a comete.

Versão neutra

Não imites o mau comportamento dos outros; dois erros não fazem um acerto.

Faqs

  • O que significa exactamente este provérbio?
    Significa que não deves justificar uma ação errada pelo facto de outra pessoa a ter cometido; dois erros não transformam uma má ação em correcta.
  • Quando posso usar este provérbio?
    Usa‑o informalmente para corrigir ou aconselhar alguém que pretende imitar um comportamento indevido ou justificar uma má ação com base no exemplo alheio.
  • É um provérbio ofensivo ou sensível?
    Não; é um provérbio moralizador e conceitual. Pode, contudo, ser percebido como repreensivo se dirigido diretamente a uma pessoa.

Notas de uso

  • Registo popular e coloquial; a forma dada parece regional ou corruptela oral do português padrão.
  • Usa-se para censurar quem pretende justificar uma ação errada com o mau exemplo alheio.
  • Pode ser dito de modo admonitório (para corrigir) ou como conselho prático (para evitar baixar o nível ético).
  • Não é apropriado em contextos formais sem explicação, por ser proverbial e de sentido figurado.

Exemplos

  • Vias o colega a enganar na contabilidade, mas lembraste‑te do provérbio: «A cuco não cuques, e a ladrão não furtes», e recusaste copiar o acto.
  • Mesmo que muita gente esteja a aproveitar uma promoção indevida, a mãe explicou: «A cuco não cuques, e a ladrão não furtes» — não vale a pena roubar por causa dos outros.
  • Quando o grupo quis vandalizar o mural, o João disse para se conterem: «A cuco não cuques...», e acalmaram a situação.

Variações Sinónimos

  • Dois errados não fazem um certo.
  • Não faças aos outros o que não queres que te façam.
  • Não pagues o mal com o mal.
  • Quem comete um erro não justifica outro.

Relacionados

  • Quem semeia ventos colhe tempestades (consequências de ações más).
  • Não faças aos outros o que não queres para ti (regra de ouro).
  • Dois erros não fazem um acerto (mesmo princípio).

Contrapontos

  • Há situações em que reproduzir um comportamento (simulado) é instrumental, por exemplo em investigações dissimuladas ou teatro — o provérbio não se aplica automaticamente a esses casos.
  • Em contextos de defesa legítima, ações que em outro ambiente seriam condenáveis podem ser consideradas justificadas; o provérbio serve mais como norma ética geral do que como regra absoluta.
  • Quando o objetivo é denunciar uma injustiça usando a mesma linguagem simbólica, repetir a ação do agressor pode ser interpretado como estratégia, não apenas imitação cega.

Equivalentes

  • inglês
    Two wrongs don't make a right / Don't stoop to their level.
  • espanhol
    Dos errores no hacen un acierto.
  • francês
    Deux torts ne font pas un droit.
  • italiano
    Due torti non fanno una ragione.
  • alemão
    Zwei Unrechte ergeben kein Recht.