Antes podrido... que mal comido.

Antes podrido... que mal comido.
 ... Antes podrido... que mal comido.

Prefere‑se uma perda ou dano conhecido a deixar que algo seja usado ou consumido de forma prejudicial ou indevida.

Versão neutra

É preferível sofrer uma perda conhecida do que permitir que algo seja mal utilizado ou deteriorado de forma prejudicial.

Faqs

  • Quando se usa este provérbio?
    Usa‑se para justificar a escolha de uma solução conhecida, mesmo imperfeita, quando a alternativa pode levar a uso indevido, danos maiores ou incerteza prejudicial.
  • Significa que devemos desperdiçar em vez de partilhar?
    Não necessariamente; o provérbio exprime uma preferência por evitar danos ou abusos. Contudo, usado à letra pode justificar desperdício, e por isso convém avaliar alternativas práticas (reparar, doar, regular o uso).
  • Tem origem histórica registada?
    Não há origem documentada precisa; é um ditado de tradição oral com variantes na Península Ibérica e reflexos em outras línguas que expressam a preferência pelo mal conhecido.

Notas de uso

  • Registo: coloquial e popular; usado em conversas informais para justificar uma opção conservadora.
  • Contextos comuns: propriedade, legado, alimentação, reputação ou qualquer situação em que o uso indevido possa causar mais dano do que a perda.
  • Tom: pode transmitir cautela ou resistência a mudanças; por isso, pode ser interpretado como justificativa para desperdício ou conservadorismo.
  • Não tem origem histórica documentada clara; aparece em variantes regionais do espanhol e do português.

Exemplos

  • Preferiu não deixar o terreno aos vizinhos — antes podrido que mal comido — para evitar que o vendessem em loteamento desordenado.
  • Quando lhe ofereceram a receita do tio, recusou‑a; dizia que, se não a podia usar bem, antes guardada — antes podrido que mal comido.

Variações Sinónimos

  • Antes podre do que mal comido.
  • Mais vale podre que mal usado.
  • Antes estragado que mal aproveitado.

Relacionados

  • Mais vale o diabo que se conhece do que o que se desconhece (preferência pelo mal conhecido).
  • Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar (valorização do seguro em vez do arriscado).

Contrapontos

  • Argumento contra: Desperdiçar algo por medo de uso indevido pode ser irracional; às vezes é melhor transferir, partilhar ou reparar do que deixar apodrecer.
  • Em alguns contextos (por ex. recursos alimentares ou bens raros) a atitude pode ser considerada egoísta ou desperdício.
  • Aplicado sem reflexão, o provérbio pode legitimar conservadorismo excessivo e bloquear soluções práticas.

Equivalentes

  • es
    Antes podrido que mal comido.
  • en
    Better the devil you know than the devil you don't.
  • fr
    Mieux vaut le mal connu que le bien inconnu (ou: mieux vaut le connu que l'inconnu).