Digo uma, digo outra, quem não fia, não tem touca.

Digo uma, digo outra, quem não fia, não tem touc ... Digo uma, digo outra, quem não fia, não tem touca.

Critica a incoerência nas palavras e a falta de empenho: quem não se compromete nem trabalha não obtém a recompensa.

Versão neutra

Quem não se empenha ou não cumpre o que promete não consegue obter os proveitos do trabalho.

Faqs

  • O que significa 'fiar' neste provérbio?
    No contexto tradicional, 'fiar' refere-se ao trabalho de fiar a lã (fazer fio) — metaforicamente, empenhar-se num trabalho. Também pode sugerir 'confiar' ou 'dar crédito'. Ambas as leituras reforçam a ideia de que sem trabalho ou compromisso não há recompensa.
  • Quando é apropriado usar este provérbio?
    Usa-se para criticar ou advertir quem fala muito sem agir, ou quem muda frequentemente de posição. É adequado em conversas informais e em contextos onde se quer sublinhar a importância da ação sobre as palavras.
  • É um provérbio ofensivo?
    Na maior parte dos casos é mais repreensivo do que insultuoso. Pode, contudo, ser interpretado como desqualificação se dirigido de forma agressiva a alguém em dificuldade. Usar com prudência.
  • Tem origem regional ou histórica definida?
    Não existe uma origem documental única conhecida; trata-se de um provérbio popular de matriz rural, ligado às práticas tradicionais de fiar e confeção de peças de roupa.

Notas de uso

  • Usa-se para censurar quem fala muito mas age pouco, ou que muda frequentemente de opinião.
  • Registo coloquial e popular; vocabulario como 'fiar' (girar/doar confiança) e 'touca' (gorro) tem matiz tradicional/arcaico.
  • A palavra 'fiar' pode significar tanto 'torcer fios' (trabalhar) como 'confiar/fiar-se'; ambas as leituras ajudam a explicar o sentido do provérbio.
  • Pode ser empregado em tom repreensivo ou em jeito de conselho prático, dependendo do contexto.
  • Em contextos modernos, sublinha que sem esforço consistente não há resultados tangíveis.

Exemplos

  • O João anda sempre a prometer mudanças mas não faz nada — digo uma, digo outra, quem não fia, não tem touca; já ninguém lhe dá carta de crédito.
  • Quando a equipa só fala de ideias e não executa, podemos dizer: 'digo uma, digo outra, quem não fia, não tem touca' — precisamos de planos concretos.

Variações Sinónimos

  • Digo uma, digo outra (forma abreviada)
  • Quem não trabalha não come
  • Das palavras aos actos vai um caminho
  • Palavras há muitas, obras poucas

Relacionados

  • Quem não trabalha não come (proverbiamente próximo, foca no trabalho como condição do sustento)
  • Das palavras aos actos há distância (sobre a diferença entre falar e fazer)
  • Promessas e prejuízos (sobre confiança e responsabilidade)

Contrapontos

  • Mudar de opinião pode ser sensato quando surge nova informação; a crítica automática à inconstância nem sempre é justa.
  • Nem sempre a falta de resultado se deve à preguiça individual; condições externas (pobreza, falta de meios) podem impedir o trabalho.
  • Valorizar o planeamento e a ponderação: não agir precipitadamente pode evitar erros, mesmo que pareça hesitação.

Equivalentes

  • en
    Actions speak louder than words / He who hesitates is lost (aproximações em inglês)
  • es
    Obras son amores y no buenas razones / El que no trabaja, no come
  • fr
    Les actes valent mieux que les paroles / Qui ne travaille pas ne mange pas