Mal que se ignora, coração não chora.
Quando não se conhece um problema ou uma má notícia, não se sofre por ela — a ignorância pode poupar a angústia imediata.
Versão neutra
O mal desconhecido não causa sofrimento imediato.
Faqs
- Significa que devo sempre evitar saber coisas desagradáveis?
Não. O provérbio descreve um fenómeno psicológico: desconhecer algo pode impedir o sofrimento imediato. Contudo, quando a informação é necessária para tomar decisões ou evitar danos, investigar e agir é preferível. - Em que situações este ditado pode ser útil?
Pode ser útil para aceitar limites temporários (por exemplo, não insistir em detalhes desnecessários que só aumentam a angústia) ou para decidir priorizar bem-estar emocional em circunstâncias sem impacto prático. - Quando é perigoso seguir este conselho?
É perigoso quando se evita deliberadamente problemas que requerem resolução (saúde, segurança, questões legais ou profissionais), pois a ignorância pode transformar um problema menor numa crise. - É o mesmo que negar a realidade?
Relatedamente: pode coincidir com negação se a pessoa recusa informação necessária. O provérbio descreve tanto uma estratégia defensiva temporária como uma desculpa para evasão.
Notas de uso
- Registo: coloquial, usado em conversas informais e em reflexões populares.
- Contexto: costuma servir para justificar evitar saber algo que causaria dor ou preocupação.
- Tom: pode ser consolatório (quando a informação não muda a situação) ou crítico (quando aponta evasão de responsabilidades).
- Não é aconselhamento prático universal — ignorar pode impedir soluções e agravar consequências.
Exemplos
- Quando lhe contei o problema, ele respondeu: «Mal que se ignora, coração não chora» — preferia não saber detalhes que o iam preocupar.
- No trabalho, alguns evitaram informar a direção sobre o defeito menor: acharam que mal que se ignora, coração não chora, até que o problema cresceu e causou prejuízos.
Variações Sinónimos
- O que não se vê não dói.
- O que ignoras não te magoa.
- Quem não sabe, não sofre.
Relacionados
- O que os olhos não veem, o coração não sente.
- Mais vale prevenir do que remediar. (contraponto prático)
- Quem procura, acha. (sobre investigar problemas)
Contrapontos
- Ignorar um problema não o resolve: a falta de ação pode tornar as consequências mais graves e difíceis de remediar.
- Em contextos profissionais ou legais, a ignorância não costuma isentar responsabilidade; muitas vezes há obrigação de investigar e agir.
- A estratégia de evitar informação pode agravar ansiedade a longo prazo e impedir decisões informadas — procurar apoio e informação é frequentemente preferível.
- Há distinção entre proteger-se temporariamente de uma notícia sem utilidade imediata e evitar sistematicamente problemas que exigem solução.
Equivalentes
- Inglês
Ignorance is bliss. - Espanhol
Ojos que no ven, corazón que no siente. - Francês
Loin des yeux, loin du cœur. (variante)