Não se tem inveja a defuntos e apartados, senão a vizinhos e a chegado
Não se tem inveja a defuntos e apartados, senão a vizinhos e a chegados.
A inveja surge sobretudo em relação às pessoas próximas (vizinhos, familiares, amigos), não em relação a pessoas ausentes ou falecidas.
Versão neutra
Tem-se inveja sobretudo dos que estão perto de nós — vizinhos e pessoas chegadas — não dos ausentes ou mortos.
Faqs
O que quer dizer 'apartados' neste provérbio? 'Apartados' refere-se a pessoas ausentes, distantes ou separadas — fisicamente ou por circunstâncias — incluindo os falecidos. A ideia é que não provocam inveja por não serem objeto de comparação direta.
O provérbio ainda é válido nos dias de hoje? Continua a ser relevante enquanto observação cultural sobre comparações sociais, mas há exceções modernas: redes sociais e media aproximam pessoas distantes e podem despertar inveja igualmente.
Inveja é o mesmo que ciúme? Não exactamente. Inveja é desejar o que outro tem; ciúme envolve o receio de perder algo ou alguém para outro. O provérbio refere-se sobretudo à inveja por bens, sucesso ou posição.
Notas de uso
Refere-se à tendência humana para comparar-se com quem está junto e visível, não com os distantes.
Usa-se para explicar ou justificar ressentimentos e ciúmes em contexto familiar ou comunitário.
Pode servir como conselho para evitar comparações permanentes com quem nos é próximo.
Não é um enunciado científico; é uma observação empírica da experiência social tradicional.
Exemplos
Quando soube que o sobrinho tinha comprado casa, Maria murmurou que 'não se tem inveja a defuntos e apartados, senão a vizinhos e a chegados' para explicar o seu desconforto.
Numa reunião de condomínio, um morador comentou o sucesso do colega do lado com o provérbio, lembrando que a inveja costuma surgir entre vizinhos.
Embora admire artistas distantes, raramente sinto inveja deles; a verdade é que a inveja costuma bater à porta de quem nos convive diariamente.
Variações Sinónimos
A inveja mora ao lado.
Tem-se inveja dos que nos são próximos.
Não se inveja os ausentes nem os mortos, mas sim os que estão perto.
A proximidade alimenta a inveja.
Relacionados
Casa de ferreiro, espeto de pau (sobre contradições nas relações pessoais)
Quem vive ao pé, conhece o defeito (sobre a intimidade e críticas)
Visto que é vizinho, mal lhe queremos (variante regional sobre rivalidade local)
Contrapontos
No mundo contemporâneo, a exposição mediática e as redes sociais aproximam pessoas distantes, podendo gerar inveja por figuras públicas e influencers.
Também pode haver inveja em relação a falecidos quando se idealiza a sua vida ou legado (por exemplo, herança ou fama póstuma).
A circulação de sucesso e imagens de vida perfeita cria comparações mesmo com quem está longe; a proximidade física já não é a única condição.
Equivalentes
es No se tiene envidia de los difuntos ni de los ausentes, sino de los vecinos y los allegados.
en One does not envy the dead or those far away, but rather the neighbours and the near ones.
fr On n'envie pas les morts ni les absents, mais les voisins et les proches.