O que Deus der, se come, o que faltar, Sant'Ana inteira

O que Deus der, se come, o que faltar, Sant'Ana in ... O que Deus der, se come, o que faltar, Sant'Ana inteira.

Aceitar o que se tem com resignação ou gratidão e confiar na providência religiosa quando falta algo; sugere conformismo e recurso à fé face à escassez.

Versão neutra

Come-se o que há; o que falta, conta-se com a providência.

Faqs

  • O que significa exactamente este provérbio?
    Significa que se deve aceitar com resignação o que há disponível e confiar na intervenção divina ou na sorte quando algo falta. Reflecte uma atitude de aceitação perante a escassez.
  • Quando é apropriado usá‑lo?
    Em situações informais de privação ou limitação de recursos para encorajar aceitação; também pode aparecer de forma irónica. Evitar em contextos em que é necessária acção prática ou solidariedade imediata.
  • Tem conotação religiosa?
    Sim. Invoca Deus e Santa Ana, pelo que carrega um sentido religioso providencialista, típico da tradição cristã popular.
  • O provérbio é ofensivo ou desadequado hoje em dia?
    Não é intrinsecamente ofensivo, mas pode ser criticado por promover passividade frente a desigualdades. Em contextos sensíveis pode ser preferível usar expressões neutras.

Notas de uso

  • Tom e registo: coloquial, tradicional; usado em contextos familiares ou comunitários.
  • Contexto: frequentemente dito perante escassez de alimentos ou recursos, para encorajar a aceitação do que há.
  • Conotação religiosa: invoca Deus e Santa Ana, reflectindo uma visão providencialista comum em comunidades cristãs.
  • Pode ser interpretado como incentivo à resignação; em conversas modernas também pode ser usado ironicamente.
  • Uso regional: mais frequente em áreas rurais e entre gerações mais velhas, embora seja entendido em todo o país.

Exemplos

  • Quando a família teve de partilhar uma única refeição, o avô disse: «O que Deus der, se come, o que faltar, Sant'Ana inteira», e todos aceitaram a porção que havia.
  • Ao receber um ordenado menor do que o esperado, Maria encolheu os ombros e murmurou o provérbio, mostrando resignação perante a falta: «O que Deus der, se come...».
  • Usado com ironia: «Se calhar não chega para as férias, mas O que Deus der, se come, o que faltar, Sant'Ana inteira — ou então vendemos a caravela.»

Variações Sinónimos

  • O que Deus dá, come-se; o que falta, peça a Santa Ana.
  • Come-se o que há; o que não houver, reza-se a Santa Ana.
  • O que vem de Deus, come-se; o que não vem, recorre-se à fé.

Relacionados

  • Quem não tem cão, caça com gato.
  • À falta de pão, bons são os bolos.
  • Beggars can't be choosers (equivalente em espírito)

Contrapontos

  • Promove resignação: pode justificar passividade perante injustiças sociais ou económicas.
  • Não substitui medidas práticas: confiar na providência não resolve carências estruturais nem substitui ajuda concreta.
  • Uso indevido: pode ser usado para minimizar necessidades legítimas ou recusar responsabilidade colectiva.

Equivalentes

  • inglês
    Beggars can't be choosers / Take what comes and trust in providence (equivalents in spirit)
  • espanhol
    Lo que Dios da, para comer; lo que falta, que lo pida a Santa Ana (variante popular similar)
  • francês
    On prend ce qu'on a; ce qui manque, on l'attend de la providence (equivalente aproximado)

Provérbios