Quem de nenhuma culpa se ofende, nenhum merecimento o obriga.
Sugerem-se duas leituras: (1) quem não admite ter culpa não se sente obrigado por merecimentos alheios; (2) quem se considera sem culpa não fica vinculado por recompensas ou obrigações morais — ideia ligada à invulnerabilidade moral ou à recusa de reconhecimento de dívida.
Versão neutra
Quem não admite culpa não fica obrigado por merecimentos alheios.
Faqs
- O que significa este provérbio em termos simples?
Diz que quem não admite ter culpa — ou não se sente mal por algo — não se sente obrigado por favores, reparações ou reconhecimentos. É um comentário sobre a relação entre consciência de culpa e sentido de obrigação. - Quando é adequado usar este provérbio?
Em contextos literários, críticos ou irónicos para apontar a atitude de alguém que recusa culpa e, por isso, também recusa obrigações morais ou sociais. É menos frequente em registo coloquial corrente. - Este provérbio tem origem conhecida?
Não foi fornecida origem específica. A feição arcaica da frase sugere proveniência de literatura ou tradição popular antiga, mas não há referência documental aqui. - O provérbio justifica não assumir responsabilidades?
Não. Trata‑se de uma observação sobre comportamento; não constitui justificação ética ou legal. Negar culpa não elimina consequências nem a expectativa social de reparação.
Notas de uso
- Provérbio arcaico/erudito; uso moderno é sobretudo literário ou irónico.
- Emprega‑se para criticar quem recusa culpa e, em consequência, não aceita obrigações morais ou agradecimentos.
- Pode aparecer em discussões morais, políticas ou jurídicas como observação crítica sobre responsabilidade.
- Devido à ambiguidade da formulação antiga, convém clarificar a leitura em contextos formais.
Exemplos
- Quando a comissão exigiu responsabilizações e ele negou qualquer erro, alguém murmurou: 'Quem de nenhuma culpa se ofende, nenhum merecimento o obriga', referindo‑se à sua incapacidade de reconhecer dívida moral.
- Numa conversa sobre perdão, a professora explicou: se alguém não aceita ter feito mal, dificilmente aceitará uma reparação — 'quem de nenhuma culpa se ofende...'.
Variações Sinónimos
- Quem não admite culpa não reconhece obrigações.
- Quem se julga sem culpa não fica obrigado por méritos de outros.
- Quem não se ofende por culpa alguma não aceita ser obrigado por agradecimentos.
Relacionados
- Quem não deve não teme.
- A consciência tranquila é um bom travesseiro.
- Quem não pede, não tem.
Contrapontos
- Negar culpa não elimina responsabilidades legais, sociais ou éticas; a prova factual e o escrutínio público podem impor obrigações independentemente da autoperceção.
- A recusa em reconhecer erro pode ser vista como orgulho ou falta de empatia, e o provérbio pode ser usado sarcasticamente contra essa atitude.
- Em sociedades que valorizam prestígio e recompensa, o merecimento pode criar expectativas mesmo se alguém não se considera culpado.
Equivalentes
- inglês
He who finds himself guilty of nothing is not obliged by any merit (literal/paráfrase). - espanhol
Quien por ninguna culpa se ofende, ninguna merced le obliga (tradução literal/arcaica). - francês
Qui ne se croit coupable de rien n'est tenu par aucun mérite (tradução literal).