Quem mais pode, mais deve

Quem mais pode mais deve

Quem tem maior capacidade, recursos ou poder tem também maior responsabilidade ou obrigação de agir.

Versão neutra

Quem tem mais capacidade ou recursos tem maior responsabilidade.

Quando devo usar este provérbio?
Use-o para sublinhar que maior capacidade, poder ou recursos trazem maior obrigação moral ou social — por exemplo em debates sobre liderança, política, filantropia ou responsabilidade parental.
O provérbio implica obrigação legal?
Não necessariamente. Trata-se sobretudo de uma expectativa ética ou social; a obrigação legal depende de leis e contratos específicos.
Pode ser usado para criticar pessoas com recursos limitados?
Não. Aplicá‑lo a pessoas em situação de vulnerabilidade pode configurar má interpretação e culpa indevida. É preciso distinguir capacidade real de circunstâncias estruturais.
Tem origem religiosa?
Tem paralelo no versículo bíblico Lucas 12:48 e em máximas latinas, mas a forma portuguesa é também de uso popular e secular.

Aplicável em contextos éticos, políticos, empresariais e familiares para exigir responsabilidade proporcional aos meios ou poderes detidos.
Não implica automaticamente culpa: descreve uma expectativa moral ou social de obrigação, não uma prova de má conduta.
Deve ser usado com cuidado para evitar justificar exigências excessivas ou culpar vítimas de desigualdades estruturais.
Frequentemente invocado para reivindicar redistribuição de recursos, maior prestação de contas a autoridades ou maior empenho de quem tem mais capacidades.

Numa empresa, o conselho de administração, que tem poder para decidir investimentos, também deve responder publicamente pelos resultados; quem mais pode, mais deve.
Num lar, quando um dos pais trabalha a tempo inteiro enquanto o outro estuda, espera-se que o primeiro contribua mais financeiramente; trata-se do princípio de que quem tem mais pode, mais deve.
No debate público, os políticos com mais influência e acesso a informação devem ser mais transparentes e responsabilizados pelas suas decisões.

Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades (variante do aforismo usado em ética política).
A cada um segundo os seus meios (expressão usada em debates sobre justiça distributiva).
A quem tem, dá-se mais (uso crítico e irónico em alguns contextos sociais).

Ter mais capacidade ou recursos não implica automaticamente obrigação legal; direitos e responsabilidades nem sempre coincidem.
Argumento de protecção: exigir demais a quem já contribui pode desincentivar o investimento ou sobrecarregar indivíduos.
Crítica social: o princípio pode servir para justificar desigualdades se aplicado sem ter em conta causas estruturais (por exemplo, responsabilizar indivíduos por falhas sistémicas).
Proverbialmente oposto em algumas situações: «Cada um por si», que enfatiza autonomia individual em vez de obrigação proporcional.