Quem explora, trata ou beneficia de um recurso tende a considerá‑lo como seu; o usufruto confere autoridade prática sobre a coisa.
Versão neutra
O que se ordenha é de quem o ordenha (ou: quem explora o recurso tende a considerá‑lo seu).
Faqs
Quando devo usar este provérbio? Use‑o para comentar situações em que quem cuida, explora ou beneficia de algo se julga com direito sobre esse bem, especialmente em contextos informais ou rurais.
O provérbio justifica apropriação sem título legal? Não. O provérbio descreve uma realidade social — quem explora tende a considerar algo seu — mas não substitui títulos legais ou direitos formais reconhecidos pela lei.
É um provérbio ainda usado hoje? Sim, sobretudo em contextos regionais ou ao discutir situações práticas de posse e uso; numa linguagem urbana moderna pode surgir em variações mais gerais.
Notas de uso
Usa‑se para justificar que quem cuida ou retira proveito de algo tem direito moral ou prático sobre isso.
Não é uma afirmação de direito formal: no contexto legal, a propriedade pode pertencer a outra pessoa independentemente de quem a explore.
Aplica‑se em discussões sobre trabalho, gestão de recursos comuns e reivindicações de posse informais.
Tomar como pretexto para apropriação indevida não é aconselhável; o provérbio descreve uma realidade social, não legitima ilegalidade.
Exemplos
O terreno era propriedade da câmara, mas os vizinhos que o cultivavam reivindicavam o uso: a cabra e a azenha são de quem a ordenha.
Na empresa, o técnico que manteve a máquina durante anos achava que devia decidir sobre o seu destino — a cabra e a azenha são de quem a ordenha.
Variações Sinónimos
O que se trabalha, dá direito (popular).
Quem trata, tem direito (diz‑se em contextos rurais e urbanos).
A ocupação cria direitos (variação mais moderna).
Relacionados
Posse é nove décimas partes do direito (variação sobre posse prática).
Quem planta, colhe (enfatiza o vínculo entre trabalho e benefício).
Quem não chora não mama (sobre exigir/obter aquilo a que se pretende ter acesso).
Contrapontos
O provérbio descreve uma norma social/prática, não uma regra jurídica: a propriedade é definida por lei e títulos formais.
Em bens comunitários ou públicos, o uso por alguns não autoriza apropriação por esses mesmos utilizadores.
A exploração continuada pode levar a conflitos; reivindicar posse com base apenas no uso pode ser contestado.
Equivalentes
Inglês Possession is nine‑tenths of the law (a posse vale muito em termos práticos).
Espanhol La posesión es nueve décimas partes del derecho (versión similar sobre a importância da posse prática).
Francês La possession vaut titre (expressão usada para realçar o valor prático da posse).