A gente pensa que se benze e arrebenta as ventas.
Admoesta contra a confiança excessiva em gestos ou superstições; indica que um ato simbólico de proteção não garante que algo corre bem.
Versão neutra
Pensam que um gesto de protecção chega, e depois tudo corre mal.
Faqs
- Quando se usa este provérbio?
Usa-se para advertir alguém que confia demasiado num gesto simbólico, superstição ou garantia aparente, em vez de tomar medidas práticas ou cautelosas. - É ofensivo dizer isto a alguém?
Normalmente não é ofensivo; trata‑se de uma observação crítica ou irónica. No entanto, pode ferir sensibilidade se dito de forma directa a alguém com fortes crenças religiosas. - Tem equivalente em outras línguas?
Sim — há provérbios noutras línguas que alertam contra confiança prematura ou dependência de sinais em vez de acção, embora nem sempre sejam traduções literais. - Esta expressão refere‑se especificamente a benzimentos religiosos?
A referência ao ato de benzer é simbólica: o provérbio usa esse gesto conhecido para representar qualquer acto simbólico ou superstição em que se deposita confiança excessiva.
Notas de uso
- Registo coloquial e popular; usado informalmente para advertir alguém que está demasiado confiante ou que deposita fé apenas em rituais/tokens.
- Tom frequentemente irónico ou cauteloso — pode ser dito com humor ou como reparo sério.
- É comum em conversas familiares ou entre vizinhos; menos usado em contextos formais.
- Implica que a acção prática (prevenção, cuidado) é mais eficaz do que uma simples cerimónia ou gesto.
Exemplos
- Disse-me que com um só benzinho não precisava de ver o mecânico, mas depois o motor avariou — a gente pensa que se benze e arrebenta as ventas.
- Estivemos a preparar tudo à pressa e achámos que rezar bastava; afinal houve problemas — já se sabe: a gente pensa que se benze e arrebenta as ventas.
Variações Sinónimos
- Pensa-se que se benze e depois rebenta
- Quem se benze demais, arrisca-se a falhar
- Fazer só o gesto não chega
Relacionados
- Não vendas a pele do urso antes de o matar (não contar com algo antes de estar garantido)
- Mais vale prevenir do que remediar (valorizar a prevenção em vez de confiar apenas em sinais)
- A benção não substitui o trabalho (ditado informal que contrapõe ritual e acção)
Contrapontos
- Crenças que defendem a eficácia dos rituais e bênçãos como proteção real
- Expressões que valorizam a fé e a calma perante o infortúnio (ex.: "Deus sabe o que faz")
Equivalentes
- inglês
Don't rely on a blessing alone / A gesture won't save you (semelhante: "Don't count your chickens before they hatch", usado para advertir sobre confiança prematura) - espanhol
No basta con rezar; la confianza en un gesto no evita el desastre (variante aproximada: "No cantes victoria antes de tiempo") - francês
Un signe ou une bénédiction ne suffit pas; mieux vaut être prudent (aproximado: «Il ne faut pas vendre la peau de l'ours avant de l'avoir tué»)