Arrenego da tijelinha de ouro em que hei de cuspir sangue.

Arrenego da tijelinha de ouro em que hei de cuspir ... Arrenego da tijelinha de ouro em que hei de cuspir sangue.

Recusar um ganho ou luxo aparente que trará sofrimento ou prejuízo; evitar uma tentação perigosa apesar do seu brilho.

Versão neutra

Recuso o pequeno recipiente dourado que me fará sofrer.

Faqs

  • O que significa exactamente este provérbio?
    Significa recusar algo que, apesar de parecer valioso ou atractivo, trará sofrimento, prejuízo ou sacrifício. É um aviso contra ofertas enganadoras ou ganhos ilusórios.
  • Em que contextos posso usar esta expressão?
    Serve para rejeitar propostas, empregos, negócios ou relações que prometem brilho mas implicam danos. Pode ser usada de forma séria ou irónica, mas por ser arcaica convém contextualizá‑la ou adaptá‑la para linguagem corrente.
  • É uma expressão comum no português actual?
    Não é muito comum no português contemporâneo padrão; é mais registada em fala regional ou em textos com tom literário/antiquado. Muitos falantes preferem versões mais simples e modernas.

Notas de uso

  • Frase arcaica e de tom enfático — hoje pouco usada em linguagem corrente, mais comum em citações literárias ou regionais.
  • Utiliza metáforas: 'tijelinha de ouro' simboliza algo atractivo/valioso; 'cuspir sangue' representa sofrimento, dano ou sacrifício.
  • Usa-se para avisar contra ofertas que parecem vantajosas mas implicam consequências negativas a longo prazo.
  • Pode empregar-se tanto de forma séria (rejeição de propostas perigosas) como irónica (recusa ostensiva de algo de vaidade).
  • Não é apropriado para linguagem formal sem explicação, dado o tom coloquial e figurado.

Exemplos

  • Quando lhe ofereceram o contrato que exigia horas intermináveis e perdas de saúde, ele respondeu: «Arrenego da tijelinha de ouro em que hei de cuspir sangue.»
  • Ao recusar o empréstimo com cláusulas abusivas disse, em tom seco, que preferia não aceitar a 'tijelinha de ouro' que lhe traria problemas: arrenego da tijelinha de ouro em que hei de cuspir sangue.
  • Ela rejeitou a promoção que implicava mudança para longe da família, explicando que não queria um 'ouro' que a fizesse sofrer.

Variações Sinónimos

  • Recuso o cálice dourado que me fará sangrar.
  • Não quero luxo que me torne infeliz.
  • Não troco a minha saúde por um copo dourado.
  • Não aceito ouro que me custe caro.

Relacionados

  • Não há rosa sem espinhos. (indica que coisas belas podem ter custos)
  • Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar. (avisa contra riscos em busca de ganho incerto)
  • Quem tudo quer, tudo perde. (alerta sobre cobiça e suas consequências)

Contrapontos

  • Quem não arrisca não petisca. (valoriza o risco para obter ganho)
  • A ocasião faz o ladrão. (sugere aproveitar oportunidades sem tanto escrúpulo)

Equivalentes

  • Inglês
    Literal: "I renounce the small golden bowl in which I will spit blood." Equivalente idiomático: "A gilded cage is still a cage." (algo belo que continua a ser prejudicial)
  • Francês
    Literal: «Je renonce au petit bol d'or où je cracherai le sang.» Equivalente: «Une cage dorée reste une cage.»
  • Espanhol
    Literal: «Renuncio al cuenco de oro en el que acabaré escupiendo sangre.» Equivalente aproximado: «No quiero oro que me cueste la vida.» (frase não proverbial, uso explicativo)
  • Alemão
    Literal: „Ich lehne die goldene Schale ab, in der ich Blut spucken werde.“ Equivalente: „Golden ist nicht immer gut.“ (não um provérbio fixo, mas transmite a mesma ideia)