Alerta para o custo moral, a perda de autonomia ou a vulnerabilidade de quem vive à custa dos outros, mesmo quando beneficia materialmente.
Versão neutra
Quem depende da generosidade alheia pode ter ganhos materiais, mas perde autonomia e dignidade.
Faqs
Quando é apropriado usar este provérbio? Usa‑se para criticar dependência voluntária, clientelismo ou práticas que geram obrigação e perda de autonomia. Evite aplicá‑lo a situações de necessidade legítima.
O provérbio é ofensivo? O provérbio tem tom moralizador e pode ofender se dirigido a alguém que recebe ajuda legítima; o seu uso exige sensibilidade ao contexto.
Tem origem literária conhecida? Não há autoria identificada: é um provérbio de tradição oral português, depois registado em diversos textos moralistas e colecções de provérbios.
Notas de uso
Tom e registo: frase de uso proverbial, tom moralizador; emprega-se em contextos de crítica à dependência ou à falta de independência moral.
Contextos comuns: conversa familiar, aconselhamento, crítica social sobre clientelismo, assistencialismo ou exploração.
Não é apropriado para descrever crianças ou pessoas em necessidade legítima, onde a empatia e o apoio são preferíveis à censura.
Pode sugerir vergonha, obrigação ou repúdio social associada a favores recebidos; implica que o ganho exterior tem custo interior.
Exemplos
O primo aceita sempre presentes para favores pequenos, mas sabe-se que isso o compromete — bem mal ceia quem come de mão alheia.
Na campanha, prometer regalias aos eleitores pode trazer votos, mas cria dependências e má reputação: bem mal ceia quem come de mão alheia.
Ela preferiu procurar emprego em vez de viver à custa dos pais; não queria ser lembrada pelo dinheiro que recebia — bem mal ceia quem come de mão alheia.
Variações Sinónimos
Mal ceia quem come de mão alheia.
Quem come à custa alheia, não tem paz.
Não há almoços grátis.
Relacionados
Quem semeia ventos, colhe tempestades. (sobre consequências das ações)
Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar. (valorização do que se tem)
Quem tudo quer, tudo perde. (aviso sobre ambição e dependência)
Contrapontos
A expressão pode ser injusta quando aplicada a quem recebe ajuda legítima (doentes, desempregados, dependentes): a dependência nem sempre é escolha.
Mecanismos públicos de apoio social visam reduzir vulnerabilidade; rotular beneficiários apenas pela dependência é estigmatizante.
Em relações de reciprocidade genuína, aceitar ajuda não implica perda de dignidade nem exploração.
Equivalentes
Inglês There is no such thing as a free lunch. / He who eats from another's hand lives at others' expense.
Espanhol Bien mal come quien come de mano ajena. (variante literal) / No hay nada gratis.
Francês Mal dîne qui mange de la main d'autrui. / Rien n'est gratuit.
Português (tradução literal) Come bem, mas de forma má, quem se alimenta da mão alheia.