Enterrado, perdoado.

Enterrado, perdoado.
 ... Enterrado, perdoado.

As ofensas e críticas tendem a ser esquecidas ou suavizadas quando a pessoa morre; após a morte, há uma disposição social para perdoar ou omitir defeitos.

Versão neutra

Depois de morto, costuma ser perdoado.

Faqs

  • Significa que a morte apaga todas as consequências dos actos?
    Não. É um juízo social sobre memória e linguagem: as críticas tendem a abrandar ou a serem omitidas, mas consequências legais e materiais podem permanecer.
  • Quando é apropriado usar este provérbio?
    Em comentários sobre a mudança de atitude das pessoas após a morte de alguém, ou para criticar a tendência social de limpar a imagem póstuma. Deve-se evitar em contextos que exijam justiça ou responsabilização séria.
  • Tem origem histórica conhecida?
    Não há registo comprovado de autor ou origem precisa; trata-se de um refrão de sabedoria popular presente na tradição ibérica e com paralelos em outras línguas.

Notas de uso

  • Frequentemente usado em contexto de funerais, elogios fúnebres ou comentários sobre como a opinião pública muda após a morte.
  • Pode ser dito de forma consoladora (apelar à paz) ou de forma crítica/cínica (acusar hipocrisia social).
  • Não deve ser interpretado literalmente: a morte não cancela responsabilidades legais ou morais que possam persistir.
  • Uso impróprio em situações que exigem justiça ou responsabilização pode ser considerado insensível.

Exemplos

  • Na cerimónia, muitos falaram bem dele: afinal, enterrado, perdoado — esqueceram as antigas divergências.
  • Quando a notícia da morte se espalhou, as reclamações silenciaram; foi o típico caso de 'enterrado, perdoado', disse alguém com ironia.

Variações Sinónimos

  • Morto, perdoado.
  • Depois de enterrado, é perdoado.
  • O morto está perdoado.
  • A morte apaga ofensas.

Relacionados

  • De mortuis nil nisi bonum (latim: dos mortos nada senão o bem)
  • Fala-se bem dos mortos
  • Não se fala mal dos mortos

Contrapontos

  • Legalmente e financeiramente, a morte não apaga obrigações, dívidas ou responsabilidades civis e penais pendentes.
  • Perdoar de boca não equivale a resolver prejuízos ou injustiças sofridas por terceiros.
  • A ideia pode mascarar hipocrisia: elogios póstumos não corrigem comportamentos passados nem substituem responsabilização.

Equivalentes

  • Latim
    De mortuis nil nisi bonum (dos mortos nada senão o bem).
  • Inglês
    Speak no ill of the dead / Of the dead, say nothing but good.
  • Francês
    Des morts, il ne faut dire que du bien.