Não pode o corvo ser mais negro que as asas

Não pode o corvo ser mais negro que as asas.

Não se pode ser mais extremo ou mais 'daquela característica' do que o próprio modelo ou a fonte; usado para apontar limites e hipocrisia.

Versão neutra

Ninguém pode ser mais extremo do que o próprio modelo.

Quando devo usar este provérbio?
Use‑o para lembrar alguém de que não faz sentido exigir de outrem um rigor ou uma característica que o próprio exemplo não cumpre, ou para apontar hipocrisia.
Significa que nunca se pode ser melhor do que o exemplo?
Não necessariamente. O provérbio ressalta um limite lógico ou moral em contextos de exigência ou crítica; não pretende negar a possibilidade de superação ou melhoria.
Há variantes deste provérbio noutras línguas?
Sim. Em espanhol e francês existem frases semelhantes (por exemplo, 'No se puede ser más papista que el Papa' e 'On ne peut pas être plus royaliste que le roi') que exprimem a mesma ideia de não exceder o próprio modelo.

Aplica‑se quando se quer lembrar que não se pode exceder a natureza ou o exemplo que se critica.
Usado para censurar quem exige dos outros uma conduta mais rigorosa do que a do próprio autor ou modelo.
Pode ter tom irónico ou corretivo, dependendo do contexto e do interlocutor.

O novo administrador não pode culpar totalmente a equipa pelos atrasos quando herdou processos falhos — não pode o corvo ser mais negro que as asas.
A professora recusou críticas excessivas aos alunos porque as condições de ensino são precárias; lembrou: não pode o corvo ser mais negro que as asas.

Há situações em que é possível melhorar ou ultrapassar um modelo: inovadores e reformadores muitas vezes fazem melhor do que os predecessores.
O provérbio não serve quando se pretende incentivar superação ou excelência — aí encoraja‑se a ser 'mais' num sentido positivo.
Nem sempre a 'referência' é justa; às vezes criticar e exigir mais é legítimo para corrigir erros sistémicos.