Ninguém perde o que nunca teve.
Afirma que não existe perda real em relação a algo que nunca esteve à disposição ou sob posse de alguém; usado para relativizar lamentos.
Versão neutra
Não se perde aquilo que nunca se teve.
Faqs
- Quando é apropriado usar este provérbio?
Quando se pretende consolar alguém ou relativizar um lamento sobre algo que nunca esteve à disposição da pessoa; também serve para sublinhar que não houve perda material nem posse prévia. - Pode ser considerado ofensivo?
Sim. Aplicado sem sensibilidade, pode parecer frio ou desvalorizador das emoções de quem sente a falta de uma oportunidade ou justiça científica, social ou legal. - É um argumento válido em tribunal ou num litígio?
Não. Em contextos legais contam-se direitos, promessas e expectativas legítimas; assim, mesmo que algo nunca tenha sido propriedade plena, pode haver base para reparação ou reconhecimento de perda.
Notas de uso
- Usado para consolar quem lamenta a ausência de algo que nunca teve (ex.: um cargo, uma relação, bens).
- Emprega-se também como argumento lógico para questionar queixas sobre situações em que nunca houve direitos ou posse.
- Pode ser dito de forma neutra ou sarcástica; o tom altera a receção — pode soar insensível se for aplicado a experiências pessoais dolorosas.
- Não é um argumento jurídico: em contextos legais, a existência de direitos, expectativas legítimas ou promessas pode significar que houve, de facto, uma perda ou violação.
- Útil para destacar diferenças entre perda real (algo resignado) e frustração por oportunidade perdida.
Exemplos
- Ela chorou por não ter sido convidada para a festa, mas ninguém perde o que nunca teve — nunca fez parte do círculo.
- Se não tinhas direitos sobre a propriedade, tecnicamente não a perdeste; porém, a sensação de injustiça pode ser real.
- Disse-lhe para seguir em frente: ninguém perde o que nunca teve, por isso não vale a pena remoer o que nunca existiu entre eles.
Variações Sinónimos
- Não se perde aquilo que nunca foi teu.
- Não podes perder o que nunca tiveste.
- O que nunca existiu como tua posse não se perde.
Relacionados
- Águas passadas não movem moinhos (relativizar o passado).
- Quem não tem não perde (variação curta e informal).
- Mais vale aceitar o que se tem do que chorar o que nunca foi teu (sentido próximo, menos conciso).
Contrapontos
- Pode desvalorizar sentimentos legítimos de frustração ou perda de oportunidades (por exemplo, promessas quebradas ou expectativas criadas).
- Ignora situações em que houve uma expectativa legítima, contrato ou promessa — nesses casos houve, de facto, uma perda de algo que se considerava garantido.
- Usado de forma inconsciente, pode minimizar desigualdades: se alguém foi impedido de aceder a algo por discriminação, dizer isto apaga a responsabilidade de quem bloqueou o acesso.
Equivalentes
- Inglês
You can't lose what you never had. - Espanhol
No se pierde lo que nunca se tuvo. - Francês
On ne perd pas ce qu'on n'a jamais eu. - Alemão
Man verliert nicht, was man nie gehabt hat.