O corcovado não vê sua corcova, e vê a de seu companheiro.
Denuncia a hipocrisia humana de não reconhecer os próprios defeitos enquanto se salientam os dos outros.
Versão neutra
Quem tem um defeito não o reconhece em si, mas vê o defeito do outro.
Faqs
- O que significa este provérbio em poucas palavras?
Significa que as pessoas muitas vezes não reconhecem as próprias falhas enquanto salientam as falhas dos outros; é uma crítica à hipocrisia e à falta de autocrítica. - Quando é apropriado usar este provérbio?
Quando se quer chamar a atenção para incoerência ou hipocrisia alheia de forma directa ou irónica; em contextos formais opte por linguagem mais suave. - O provérbio tem origem conhecida?
Não há origem documentada específica para esta formulação; trata‑se de uma construção popular que combina imagens tradicionais usadas para criticar a falta de autocrítica, com paralelos em expressões bíblicas e provérbios europeus. - Pode ser considerado ofensivo?
Sim, quando dirigido a alguém de forma acusatória pode ser percebido como insultuoso. Use com cautela e prefira versões neutras se o objetivo for discutir comportamento e não atacar a pessoa.
Notas de uso
- Provérbio de uso geral, sobretudo em contexto moral ou ético, para censurar falta de autocrítica.
- Tom geralmente admonitório; pode ser percebido como acusatório se dirigido a uma pessoa concreta.
- Adequado em registos informais e semiformal; em contextos formais ou diplomáticos prefira formulações mais suaves.
- A imagem literal refere-se a alguém com corcova (corcovado) — trata-se de metáfora para defeito/idade/erro.
Exemplos
- Quando o chefe criticou a falta de pontualidade dos colegas, muitos lembraram que ele próprio chega sempre atrasado — afinal, o corcovado não vê sua corcova.
- Num debate entre amigos sobre desperdício, ela apontou os hábitos dos outros sem admitir os seus; usei uma versão neutra do provérbio para o ilustrar: quem tem um defeito não o reconhece em si, mas vê o defeito do outro.
Variações Sinónimos
- Não vê a trave no próprio olho e repara no argueiro do outro.
- Quem tem telhado de vidro não deve atirar pedras.
- O cego que guia o coxo (variante regional com sentido próximo).
Relacionados
- Hipocrisia
- Autocrítica
- Projeção psicológica
- Provérbios bíblicos sobre julgamento (por ex. "tira a trave do teu olho").
Contrapontos
- Apontar falhas alheias pode ser legítimo quando existe intenção construtiva ou necessidade de proteção (por ex. segurança, risco para terceiros).
- Em determinadas funções (fiscalização, auditoria) a crítica de outrem é necessária mesmo que o crítico também tenha falhas passíveis de correção.
- Usar o provérbio como refúgio para evitar responsabilidades próprias pode ser injusto.
Equivalentes
- Inglês
People who live in glass houses shouldn't throw stones. / Physician, heal thyself. / He who has a hump does not see his own hump but sees his companion's (literal). - Espanhol
El que tiene tejado de vidrio no debe tirar piedras. / Mira la viga en tu propio ojo (referência bíblica). - Francês
Ceux qui vivent dans des maisons de verre ne devraient pas jeter des pierres. / Qui a une poutre dans l'œil ne voit pas la paille dans l'œil d'autrui. - Latim/Bíblico
Ecce trabem in oculo tuo videbis? (alusão a "tira primeiro a trave do teu olho" – Mt 7:5).