O mal dos meus burricos é que me fez alveitar.
Reconhecimento de que a causa do problema está na própria pessoa — fiz/eduquei tal comportamento, logo colho as consequências.
Versão neutra
O problema é que eu os criei/eduquei assim.
Faqs
- O que significa 'alveitar' neste provérbio?
No contexto popular do provérbio, 'alveitar' é um verbo de uso arcaico/regional com o sentido de criar, habituar ou educar. Assim, a frase indica que o comportamento dos burricos é consequência do modo como foram educados. - Quando é apropriado usar este provérbio?
Usa-se quando se quer reconhecer responsabilidade pessoal por um problema ou para salientar que alguém está a queixar-se de algo que ele próprio provocou. Tem tom coloquial e por vezes autoirónico. - É um provérbio comum em Portugal?
É mais típico de registos populares e rurais; não é tão corrente no português urbano contemporâneo e pode soar antiquado ou regional.
Notas de uso
- Contém o verbo arcaico/regional 'alveitar', usado aqui no sentido de criar, habituar ou educar; por isso a expressão tem tom popular e rural.
- Emprega imagem literal (burricos) para transmitir uma lição sobre responsabilidade pessoal e consequências dos próprios atos.
- Tom de uso: normalmente autoirónico, de assunção de culpa, ou para apontar que alguém reclama de algo que ele próprio provocou.
- Registo: popular, coloquial; mais frequente em ambientes rurais ou em linguagem familiar. Pode soar antiquado fora desses contextos.
Exemplos
- Depois de anos a mimar os empregados e eles terem passado por cima de mim, disse: 'O mal dos meus burricos é que me fez alveitar' — assumi a responsabilidade por os ter habituado mal.
- Quando o filho se queixou da vida desregrada que leva, o avô respondeu: 'O mal dos meus burricos é que me fez alveitar', lembrando que foram os próprios hábitos ensinados em casa que trouxeram as consequências.
Variações Sinónimos
- O problema dos meus burricos é que eu os criei assim.
- Os meus burricos são assim porque eu os habituei.
- Quem os fez, que os aguente (variação mais curta e direta).
Relacionados
- Cada um colhe o que semeia.
- Quem planta, colhe.
- Quem faz, assume.
Contrapontos
- Não é justo culpar-me por tudo (perspetiva que atribui responsabilidade a fatores externos).
- Nem sempre somos responsáveis por tudo — existe também o acaso e a influência de terceiros.
Equivalentes
- inglês
You made your bed, now lie in it. / It's your own fault. - espanhol
Tú te lo has buscado. / Lo que sembraste, cosechas. - francês
Tu l'as bien cherché. / On récolte ce que l'on sème.