O que é do homem o bicho não come.
O que está destinado a alguém não lhe será tirado — ideia de destino, providência ou justiça natural que protege o que pertence a cada um.
Versão neutra
O que é destinado a alguém ninguém ou nada lhe tira.
Faqs
- Este provérbio é religioso?
Nem sempre; pode ser usado em contextos religiosos ou laicos. Transmite uma noção de destino ou providência, mas é essencialmente um dito popular sem ligação obrigatória a crenças religiosas específicas. - Quando é apropriado usá‑lo?
Serve para consolo ou para expressar resignação diante de perdas ou atrasos. Não é apropriado quando se pretende motivar ação imediata ou responsabilizar alguém por reparar uma injustiça. - Significa que não devemos agir para evitar perdas?
Não; o provérbio reflete uma visão fatalista em determinados contextos, mas na prática é prudente tomar medidas para proteger bens e direitos em vez de confiar apenas no destino. - Existe origem documentada deste provérbio?
Não há registo documental preciso; trata‑se de um provérbio de tradição oral, comum em ambientes rurais e familiares.
Notas de uso
- Usa‑se para consolar alguém que perdeu algo ou uma oportunidade, sugerindo que o que lhe pertence acabará por permanecer ou regressar.
- Tem um tom fatalista/teleológico: assume que existe uma espécie de destino ou ordem que preserva o que é de cada pessoa.
- Pode ser usado de forma irónica para justificar passividade ou falta de iniciativa; convém evitar interpretá‑lo como razão para não agir quando a ação é necessária.
- É comum em contextos familiares e populares; o registo é coloquial e regionalmente frequente.
Exemplos
- Perdeste o contrato, mas não fiques preocupado — o que é do homem o bicho não come; outra oportunidade há de aparecer.
- Deixei cair a chave e achei‑a mais tarde: diziam cá em casa que o que é do homem o bicho não come.
Variações Sinónimos
- O que é teu ninguém te tira.
- O que é para ti vem, e se não vem é porque não era.
- O que é do homem Deus o dá.
Relacionados
- Cada qual colhe o que planta (enfatiza responsabilidade pessoal em vez de destino).
- O que não mata engorda (tom diferente, de consolação).
- Quem espera sempre alcança (paciência e tempo).
Contrapontos
- Nem sempre a fatalidade preserva o que é justo — perdas injustas acontecem e exigem intervenção ou correção.
- A crença absoluta no destino pode desincentivar ações práticas de proteção, planeamento ou recuperação de bens.
- Em sociedades complexas, factores legais, económicos e humanos têm impacto maior do que uma ideia de providência.
Equivalentes
- inglês
What is meant for you won't pass you by / What's yours will come to you. - espanhol
Lo que es para ti nadie te lo quita. - francês
Ce qui est pour toi ne peut t'échapper.