Quando se casa uma filha, dá-se a carga para o burro, e quando se casa um filho, dá-se o burro para a carga.
Expressa uma observação sobre tratamento desigual: ao casar uma filha, atribui‑se-lhe uma carga (um ónus), enquanto ao casar um filho lhe entregue aquilo que facilita a tarefa (o 'burro').
Versão neutra
Quando uma filha se casa, ela recebe os encargos; quando um filho se casa, recebe os meios para os enfrentar.
Faqs
- O que significa este provérbio em poucas palavras?
Denota um tratamento desigual entre filhas e filhos no contexto do casamento: à filha cabem encargos, ao filho cabem recursos ou privilégios. - É um provérbio ofensivo ou sexista?
Pode ser considerado sexista porque reflete e naturaliza papéis tradicionais de género. O seu uso requer sensibilidade e, se empregado, convém contextualizá‑lo criticamente. - Ainda se usa este provérbio hoje em dia?
É conhecido em comunidades mais tradicionais e pode aparecer em conversa familiar ou literária; porém, em contextos públicos e modernos é menos aceite e frequentemente citado com tom crítico ou irónico. - De onde vem este provérbio?
Tem origem popular e anónima; surge de práticas históricas ligadas a dotes, herança e papéis de género, mas não tem autoria documentada nem data precisa. - Como posso referir a mesma ideia sem recorrer ao provérbio?
Use frases neutras e explícitas, por exemplo: «Na nossa família, continua a haver exigências diferentes para filhas e filhos» ou «Há uma desigualdade na distribuição de encargos no casamento».
Notas de uso
- Usa‑se para criticar ou descrever práticas tradicionais em que filhas e filhos são tratados de forma diferente no casamento (dotes, responsabilidades, heranças).
- Pode aparecer numa acepção crítica (denunciando desigualdade) ou numa acepção descritiva/irónica (constatando um costume).
- É considerado potencialmente sensível por refletir estereótipos de género e papéis patriarcais; em contextos profissionais ou inclusivos convém evitar‑lo sem comentário crítico.
- Dependendo do contexto regional, pode assumir matizes diversos — social, económico ou moral — e nem sempre se refere literalmente a dotes ou animais.
Exemplos
- Na reunião da família, a avó suspirou: «Quando se casa uma filha, dá‑se a carga para o burro…» — comentando que ainda se esperavam maiores sacrifícios dela do que do irmão.
- Ao discutir a distribuição dos bens, Marta disse ironicamente: «Isto é mesmo 'quando se casa uma filha, dá‑se a carga…'» para destacar a desigualdade na partilha dos custos do casamento.
Variações Sinónimos
- Quando casa a filha, leva a carga; quando casa o filho, leva o burro.
- Casa a filha, dá‑se a carga; casa o filho, dá‑se o cavalo (variação regional).
- Ao casar uma mulher dá‑se o encargo; ao casar um homem dá‑se o meio.
Relacionados
- Referências a dotes, trajes e despesas de casamento em tradições populares.
- Provérbios que comentam desigualdades de género e papéis familiares.
- Expressões sobre transmissão de bens e responsabilidades entre gerações (ex.: partilhas tradicionais).
Contrapontos
- Hoje é comum argumentar pela igualdade: custos e responsabilidades do casamento devem ser repartidos entre ambas as partes e entre familiares, sem distinção de género.
- Em muitas famílias modernas não há dotes nem tratamento diferenciado entre filhos e filhas; o provérbio pode ser visto como desatualizado.
- Leitura crítica: o dito reforça papéis patriarcais e pode ser usado para justificar práticas injustas — contrapõe‑se com políticas de igualdade e autonomia individual.
Equivalentes
- Inglês (tradução literal/paráfrase)
When a daughter marries, the burden is given to the donkey; when a son marries, the donkey is given to the burden. - Espanhol (tradução literal)
Cuando se casa una hija, se da la carga al burro; cuando se casa un hijo, se da el burro a la carga. - Francês (tradução literal)
Quand une fille se marie, on donne la charge à l'âne ; quand un fils se marie, on donne l'âne à la charge.