Quem da carne alheia há de comer, da sua há de perder.
Advertência de que quem vive à custa ou explora os bens dos outros arrisca perder os seus próprios recursos ou bens.
Versão neutra
Quem se aproveita do que é de outros arrisca perder o que lhe pertence.
Faqs
- Este provérbio refere-se apenas a crimes como o roubo?
Não — embora possa aplicar-se ao furto literal, é sobretudo metafórico: refere-se a qualquer situação em que alguém vive ou prospera à custa do trabalho, recursos ou esforços de outros, com risco de perder o que tem. - É apropriado usar este provérbio em contexto profissional?
Sim, mas com cautela. Funciona como crítica a práticas exploradoras (por exemplo, apropriação indevida de trabalho) mas pode soar acusatória; em contextos formais prefira linguagem explicativa. - Há variações regionais conhecidas?
Não há uma origem documentada nem uma única forma padrão; aparecem variações com o mesmo sentido em Portugal e em outras línguas românicas.
Notas de uso
- Uso habitual em contextos morais e éticos para censurar exploração, aproveitamento ou dependência excessiva do trabalho alheio.
- Registo popular e proverbial — apropriado em conversas informais, crónicas e textos sobre ética; menos indicado em linguagem formal sem contextualização.
- Pode ser interpretado literal ou metaforicamente: literalmente contra o furto/roubo; metaforicamente contra práticas económicas ou sociais que dependem do esforço alheio.
- Tom conservador/punitivo em algumas leituras; cuidado ao aplicar em situações complexas (por exemplo, relações de desigualdade estrutural).
Exemplos
- Na empresa, o gerente que vive de atalhos e lucros imputados ao trabalho dos colegas acabou por ver o seu próprio património desmoronar — quem da carne alheia há de comer, da sua há de perder.
- Quando uma comunidade depende sempre das doações externas sem construir capacidades próprias, corre o risco de perder autonomia: é o caso de quem da carne alheia há de comer, da sua há de perder.
- O vizinho que passou anos a usar recursos alheios sem contribuir depois não teve quem o auxiliasse quando ficou em apuros — apliquei-lhe o provérbio: quem da carne alheia há de comer, da sua há de perder.
Variações Sinónimos
- Quem se aproveita dos outros perde o que tem.
- Quem vive à custa dos outros empobrece-se.
- Quem tudo quer, tudo perde (semelhante na ideia de ganância levar à perda).
Relacionados
- Quem semeia ventos colhe tempestades (consequência de atos)
- Não há almoços grátis (nada é verdadeiramente gratuito)
- Quem muito pede, pouco recebe (cuidado com excessos na dependência)
Contrapontos
- A generosidade recíproca pode criar redes de apoio que enriquecem ambas as partes, pelo que nem toda dependência externa conduz à perda.
- Em situações de desigualdade estrutural, acusar quem beneficia de ajuda externa de 'comer da carne alheia' pode ser injusto — é diferente de exploração consciente.
- Modelos cooperativos demonstram que partilhar recursos pode fortalecer, em vez de esgotar, os bens comuns.
Equivalentes
- inglês
You reap what you sow (em espírito: más ações ou exploração trazem consequências negativas). - espanhol
El que come de lo ajeno, pierde lo suyo. - francês
Qui vit aux dépens d'autrui perdra le sien.