Quem é surdo, traz pajem.

Quem é surdo, traz pajem.
 ... Quem é surdo, traz pajem.

Quem não quer ou não pode ouvir recorre a outra pessoa para receber ou transmitir mensagens; também usado para indicar quem evita responsabilidades recorrendo a terceiros.

Versão neutra

Quem evita ouvir ou assumir algo recorre a um intermediário para tratar do assunto.

Faqs

  • O que quer dizer exactamente este provérbio?
    Significa que quem não quer ouvir ou não consegue lidar com algo costuma recorrer a outra pessoa para tratar disso — quer por evitamento, quer por necessidade de ajuda.
  • Posso usar este provérbio hoje em dia?
    Pode usar-se, mas com precaução: é uma expressão arcaica e a menção à surdez como motivo de delegação pode ser vista como insensível. Prefira formas neutras quando houver risco de ofensa.
  • Tem origem histórica concreta?
    Não há autor nem data conhecidos; reflete uma realidade social antiga em que pessoas de posição dispunham de criados (pajens) para intermediar assuntos.
  • Há um provérbio equivalente em inglês?
    Não existe um provérbio inglês com a mesma formulação e uso. A ideia de usar um intermédio traduz-se por expressões gerais como 'to have someone stand in' ou 'to use a spokesperson'.

Notas de uso

  • Frase de uso idiomático e algo arcaico; aparece em português de Portugal sobretudo em contextos literários ou regionais.
  • Pode ter tom crítico: sugere delegação por conveniência ou desculpa para não se envolver diretamente.
  • A referência literal a surdez e a um 'pajem' (criado jovem) remete para uma realidade histórica; hoje pode ser considerada sensível ou desactualizada.

Exemplos

  • Quando a reunião começou a discutir responsabilidades, o director nada disse — quem é surdo, traz pajem — e deixou o seu adjunto responder.
  • Não me venhas com desculpas: se preferes não falar, não peças sempre que outra pessoa o faça; quem é surdo, traz pajem.

Variações Sinónimos

  • Quem é surdo, tem pajem.
  • Quem não quer ouvir, manda trazer um pajem.
  • Quem se faz de surdo, arranja que lhe fale alguém.

Relacionados

  • Delegação de tarefas por conveniência
  • Evitar responsabilidades
  • Expressões que apontam à intermediação (p.ex. 'ter um porta-voz')

Contrapontos

  • Delegar não é necessariamente fuga: muitas vezes é prática necessária para gerir responsabilidades.
  • Usar o provérbio para criticar alguém pode ignorar motivos legítimos (deficiências reais ou limitações).
  • A linguagem do provérbio é antiga e pode ser considerada pouco sensível em contextos contemporâneos.

Equivalentes

  • Inglês
    Literal: 'He who is deaf brings a page.' — Não existe um provérbio direto com o mesmo sentido; aproxima-se a ideia de 'to have someone stand in' (ter alguém que substitui).
  • Espanhol
    Literal: 'Quien es sordo, trae paje.' — expressão literal possível, mas também não há equivalente idiomático amplamente usado.
  • Francês
    Literal: 'Qui est sourd, prend un page.' — não há provérbio corrente com sentido idêntico; ideia semelhante a 'avoir un porte-parole' (ter um porta‑voz).