Quem muito tem, muito gasta; quem pouco tem, pouco lhe basta; quem nо̂

Quem muito tem, muito gasta; quem pouco tem, pouco ... Quem muito tem, muito gasta; quem pouco tem, pouco lhe basta; quem nada tem, Deus o mantém.

Resume a relação entre posse e consumo e afirma uma confiança na providência para os desprotegidos: abundância leva a maior gasto, escassez leva a contentamento, e os sem bens dependem da providência.

Versão neutra

Quem tem muito gasta muito; quem tem pouco contenta‑se com pouco; quem nada tem depende da ajuda ou da providência.

Faqs

  • O que significa este provérbio de forma simples?
    Diz que a quantidade de bens condiciona o gasto e a necessidade — quem possui muito tende a gastar muito, quem tem pouco contenta‑se com pouco — e acrescenta uma referência à providência para os que nada têm.
  • Tem conotação religiosa?
    Sim: a parte final invoca Deus, pelo que o provérbio traz uma tonalidade religiosa tradicional. Pode, porém, ser interpretado de forma laica, falando de 'providência' ou de 'ajuda comunitária'.
  • É apropriado usar este provérbio hoje?
    Depende do contexto. É útil para falar de consumo e moderação, ou para consolo simbólico; convém evitar usá‑lo para justificar passividade perante a pobreza ou para menosprezar medidas sociais.
  • Sugere que a pobreza é aceitável porque 'Deus o mantém'?
    O provérbio reflecte uma visão tradicional que pode aliviar o medo da escassez, mas não deve ser usado como argumento contra intervenções que combatam a pobreza ou promovam a justiça social.

Notas de uso

  • Registo: popular e tradicional; pode aparecer em contextos rurais, religiosos ou como reflexão moral sobre consumo e moderação.
  • Função: usado para comentar hábitos de consumo, justificar moderação ou consolar perante a pobreza, apelando à ideia de providência divina ou de apoio comunitário.
  • Cautela: lido literalmente, pode reforçar passividade face à pobreza; hoje costuma ser interpretado também de forma metafórica ou irónica.
  • Tom: pode ser dito com seriedade religiosa, como conselho prático ou em tom sarcástico, dependendo do contexto.

Exemplos

  • Quando falaram dos hábitos de consumo da família rica, Maria citou o provérbio: 'Quem muito tem, muito gasta', para explicar por que davam sempre festas caras.
  • Ao aperceber‑se de que os vizinhos viviam com o essencial, o senhor José comentava: 'Quem pouco tem, pouco lhe basta' — era um elogio à frugalidade.
  • Depois de perderem tudo no incêndio, os amigos reuniram‑se para ajudar: ‘quem nada tem, Deus o mantém’, disse alguém, misturando conforto religioso e solidariedade comunitária.

Variações Sinónimos

  • Quem tem muito, muito gasta; quem tem pouco, contenta‑se.
  • Quem tem riqueza gasta; quem tem pouco, poupa.
  • Quem tem pouco vive com pouco; quem não tem, conta com a providência.

Relacionados

  • Quem gasta tudo hoje, amanhã não tem.
  • Mais vale pouco e bem gasto do que muito e desperdiçado.
  • A providência costuma ser invocada em provérbios e ditados populares sobre pobreza e fortuna.

Contrapontos

  • Pode encorajar fatalismo: sugerir que os pobres devem esperar ajuda divina em vez de medidas sociais ou económicas.
  • Ignora causas estruturais da pobreza e a necessidade de políticas públicas e solidariedade organizada.
  • A relação entre ter muito e gastar muito nem sempre se verifica; algumas pessoas ricas poupam e outras com pouco consomem de forma impulsiva.

Equivalentes

  • Inglês
    He who has much, spends much; he who has little, needs little; he who has nothing is maintained by God.
  • Espanhol
    Quien mucho tiene, mucho gasta; quien poco tiene, poco le basta; quien nada tiene, Dios lo mantiene.
  • Francês
    Qui a beaucoup, dépense beaucoup; qui a peu, se contente de peu; qui n'a rien, Dieu le soutient.