Raposa de luvas não chega às uvas.
Afirma que disfarces, afetações ou meios superficiais não resolvem uma dificuldade prática: quem se preocupa com aparências não chega ao objetivo quando falta eficácia real.
Versão neutra
Afetações e aparências não substituem a capacidade de alcançar um objetivo prático.
Faqs
- Quando é apropriado usar este provérbio?
Use-o para criticar práticas que dão prioridade à aparência ou a disfarces em vez de resolver problemas reais. É apropriado em comentários críticos, mas deve ser evitado em confrontos pessoais se se pretende manter cordialidade. - Tem origem literária conhecida?
Sim: é uma variante popular da fábula de Esopo «A raposa e as uvas», também recontada por La Fontaine. A versão com 'luvas' é uma adaptação coloquial que enfatiza a ideia do artificio atrapalhando o objetivo. - Significa sempre que a pessoa é hipócrita?
Nem sempre. Pode denunciar hipocrisia, mas também se refere a abordagens ineficazes — alguém pode não ser hipócrita, apenas usar meios inadequados para atingir um fim. - Pode ser ofensivo?
Sim, se dirigido a uma pessoa para a desvalorizar. É melhor empregá-lo para analisar situações ou decisões, não para insultar alguém directamente.
Notas de uso
- Tom: muitas vezes usado de forma irónica ou crítica.
- Registo: coloquial; adequado em conversas informais, crónicas ou comentários sociais.
- Intenção: costuma denunciar soluções superficiais, pretensões sem substância ou esforços mal dirigidos.
- Cuidado: pode soar pejorativo se aplicado directamente a uma pessoa; use quando se quer criticar uma abordagem, não humilhar o interlocutor.
- Contextos típicos: política, gestão, relações profissionais, discussões sobre imagem vs. conteúdo.
Exemplos
- O novo software parece muito polido na apresentação, mas na prática falha nas funções essenciais — raposa de luvas não chega às uvas.
- Quando decidiu investir apenas em marketing sem melhorar o produto, a empresa mostrou que, às vezes, a raposa de luvas não chega às uvas.
Variações Sinónimos
- A raposa e as uvas (resumo da fábula)
- Uvas azedas (alusão ao desprezo pós-fracasso)
- Gesto fino, resultado pobre
- Aparências não chegam ao objectivo
Relacionados
- Quem muito quer, pouco alcança (alusivo à ambição mal dirigida)
- Pão e tapete não enchem a barriga (valorização do útil sobre o decorativo)
- Vestir-se de seda e não ter pão (aparência sem substância)
Contrapontos
- Em algumas situações a imagem e a apresentação são decisivas para abrir portas — não se deve desprezar a forma quando pode facilitar o acesso.
- Melhorar a aparência ou a apresentação pode ser um primeiro passo válido para criar oportunidades, desde que acompanhado de substância.
Equivalentes
- Inglês
Sour grapes / The fox and the grapes (Aesop) - Espanhol
El zorro y las uvas / Uvas agrias - Francês
Le renard et les raisins (La Fontaine) — 'les raisins sont trop verts' - Alemão
Die Fabel vom Fuchs und den Trauben (»Die Trauben sind sauer«) - Italiano
La volpe e l'uva (proverbio tratto da Esopo)