Água que não hás de beber, deixa-a correr.
Não te envolvas nem retenhas aquilo que não vais usar ou que não te diz respeito; deixa seguir o seu curso.
Versão neutra
Se não vais usar algo ou se um assunto não te diz respeito, não te metas; deixa-o seguir o seu curso.
Faqs
- Quando devo usar este provérbio?
Use-o quando pretende aconselhar alguém a não se envolver em assuntos alheios, a evitar mexer em problemas que não o afectam diretamente ou a não acumular bens/obrigações que não irão ser usados. - Não é rude dizer isto a alguém?
Depende do tom e do contexto. Dito com brusquidão pode ser interpretado como indiferença. Em conversas delicadas prefira formulações mais suaves ou explique o motivo de não intervir. - Significa que nunca devemos intervir?
Não. O provérbio aconselha prudência, mas há situações (perigo, injustiça, dever profissional) em que intervir é apropriado e necessário. - É aplicável no trabalho?
Sim, para evitar envolvimento em rumores ou tarefas fora da sua competência. Contudo, quando há responsabilidade partilhada ou risco para a empresa, é melhor agir.
Notas de uso
- Emprega-se para aconselhar discrição e evitar envolvimento em assuntos alheios ou em conflitos que não afectam quem fala.
- Pode ter tom prático (literal: água) ou figurado (assuntos, recursos, conversas).
- Usado em registos informais e formais; em contexto profissional convém moderar para não soar escusadamente indiferente.
- Não é convite à apatia: situações que envolvem risco, injustiça ou dever cívico podem justificar intervenção apesar do provérbio.
Exemplos
- Quando a discussão no escritório passou para rumores pessoais, ela sorriu e disse: «Água que não hás de beber, deixa-a correr», e voltou ao relatório.
- O sobrinho queria ficar com coisas velhas da garagem; eu disse-lhe: «Se não as vais aproveitar, água que não hás de beber, deixa-as ir para quem as quiser.»
Variações Sinónimos
- Se não é contigo, não te metas.
- Não te metas onde não és chamado.
- Deixa andar o que não te diz respeito.
Relacionados
- Não faças tempestade em copo de água — (não exagerar em pequenos problemas).
- Cada macaco no seu galho — (cada um ocupe o seu lugar/função).
- Mente sã, corpo são — (diferença temática; ambos aconselham equilíbrio nas atitudes).
Contrapontos
- Quando há dano evidente a terceiros (violência, fraude, discriminação), evitar a intervenção pode ser eticamente errado — aqui, intervir é necessário.
- Em contextos de responsabilidade profissional ou familiar, ignorar um problema por ser 'de outro' pode causar prejuízos; o provérbio não substitui obrigação legal ou moral.
- Quando a não intervenção permite a perpetuação de injustiças estruturais, dizer 'deixa correr' pode ser conivente.
Equivalentes
- Inglês
Mind your own business / If it doesn't concern you, let it be. - Espanhol
No te metas en lo que no te importa / Deja correr lo que no es asunto tuyo. - Francês
Occupe-toi de tes affaires / Laisse couler ce qui ne te regarde pas. - Italiano
Fatti gli affari tuoi / Se non ti riguarda, lascia correre.