Ao ruim, não há mal que lhe chegue.
Afirma que uma pessoa má ou de comportamento reprovável já está tão prejudicada ou merecedora de infortúnios que nada pior poderia acontecer-lhe; usado com tom condenatório ou irónico.
Versão neutra
Uma pessoa que age mal parece estar sujeita a consequências negativas, ao ponto de se dizer que já não lhe pode acontecer coisa pior; a expressão é utilizada sobretudo para comentar ou ironizar sobre esse desejo de retribuição.
Faqs
- Quando posso usar este provérbio?
Use-o em contextos informais para comentar, ironizar ou condenar alguém cujas ações foram prejudiciais e parecem ter resultado em consequências negativas. Evite em situações delicadas ou formais. - É ofensivo dizer isto de alguém?
Pode ser. A expressão assume julgamento moral e pode ferir ou legitimar a vitimização. Convém ponderar antes de a usar sobre terceiros. - Tem origem conhecida?
Não há origem documentada clara para esta formulação; trata-se de uma construção popular que resume ideias antigas sobre retribuição moral.
Notas de uso
- Registo: informal; mais usado na fala do que na escrita formal.
- Tom: frequentemente pejorativo ou irónico — serve para criticar ou justificar consequências sofridas por alguém considerado 'ruim'.
- Contexto: aparece em comentários sobre justiça moral, retribuição ou coincidências infelizes que parecem merecidas.
- Advertência: pode ser usado para justificar vitimização ou tomar uma posição de julgamento moral; aconselha-se prudência para não incitar condenação pública sem provas.
Exemplos
- Quando se soube que o empresário corrupto tinha perdido a licença, muitos comentaram: 'Ao ruim, não há mal que lhe chegue.'
- Depois de o mentiroso ser apanhado e perder a reputação, ela disse, entre dentes: 'Ao ruim, não há mal que lhe chegue' — usada aqui com tom de condenação.
- Usada ironicamente: 'Viu? Caiu-lhe tudo em cima depois de enganar tanta gente — ao ruim, não há mal que lhe chegue.'
Variações Sinónimos
- Ao mau, não lhe falta mal.
- Ao mal, não lhe há remédio (variante menos comum).
- Ao mau, nada lhe vem de bom (variação explicativa).
Relacionados
- Quem semeia ventos colhe tempestades.
- Quem faz o mal, encontra o mal.
- A justiça tarda, mas chega.
Contrapontos
- Nem todas as pessoas más sofrem consequências; a expressão simplifica realidades sociais e judiciais complexas.
- Usá-la pode implicar vitimização ou justificar falta de empatia — nem todo infortúnio é merecido.
- Atribuir infortúnio a 'merecimento' é uma leitura moral que pode silenciar fatores externos ou estruturas que causam sofrimento.
Equivalentes
- inglês
It can't get any worse for the wicked / The wicked seem to get what they deserve. - espanhol
Al malo no le falta mal / Al malo, todo mal le alcanza. - francês
Au méchant, il n'arrive que du mal.