Azeite, dai-mo à ceia e tirai-mo à candeia.
Critica a atribuição contraditória ou caprichosa de recursos: querer o bem imediato (para a ceia) mas negar o uso prático (para a candeia).
Versão neutra
Usar o azeite na refeição, mas não para a iluminação — crítica a uma escolha contraditória no uso de recursos.
Faqs
- O que significa este provérbio em linguagem corrente?
Significa criticar o uso contraditório ou mal pensado dos recursos: dar algo para o prazer imediato e negar o que é necessário para o uso prático. - Quando posso usar o provérbio?
Em contextos informais para apontar hipocrisia ou prioridades mal colocadas — por exemplo, quando se gasta em luxo e se corta nas coisas essenciais. - Tem origem religiosa ou histórica conhecida?
Não há autoria conhecida; surgiu na tradição popular. Evoca a dupla função do azeite (alimento e combustível para candeeiros) nas sociedades mediterrânicas e rurais.
Notas de uso
- Usa-se para censurar decisões que privilegiam prazer ou aparência em detrimento de necessidades práticas.
- Frequentemente empregado em contexto rural ou familiar, com tom irónico ou recriminatório.
- Registo popular e algo arcaico; compreendido em Portugal mas pouco usado na linguagem formal contemporânea.
- Refere-se metaforicamente a qualquer recurso que pode servir para dois fins e é destinado preferencialmente ao menos útil ou mais visível.
Exemplos
- Quando recusaram reparos importantes na fábrica para gastar o orçamento em festas, disse-lhes: 'Azeite, dai‑mo à ceia e tirai‑mo à candeia.'
- O conselho aprovou bónus para a equipa, mas cortou o subsídio de deslocação. Era como o provérbio: 'Azeite, dai‑mo à ceia e tirai‑mo à candeia.'
- Ao verem a família gastar em luxo e não poupar para a saúde, os vizinhos comentaram com um provérbio antigo: 'Azeite, dai‑mo à ceia e tirai‑mo à candeia.'
Variações Sinónimos
- Dai‑me o azeite para a ceia e tirai‑mo para a candeia.
- Dai o azeite para comer, não para acender.
- Dar para o gosto, negar para o útil (variação de sentido).
Relacionados
- Pão para hoje, fome para amanhã (critica decisões de curto prazo)
- Mais vale prevenir do que remediar (princípio oposto: planear para o futuro)
- Quem dá aos pobres empresta a Deus (sobre generosidade, contraste de prioridades)
Contrapontos
- Guardar hoje para ter amanhã — valoriza a poupança e a previsibilidade.
- Priorizar necessidades essenciais sobre prazeres momentâneos.
- Planeamento e manutenção em vez de gastos para consumo imediato.
Equivalentes
- inglês
Give me the oil for supper and take it away for the lamp (used to criticise inconsistent allocation of resources). - espanhol
Aceite, dadmelo para la cena y quitadmelo para la candela (tradução literal usada com sentido figurado). - francês
Donnez‑moi l'huile pour le souper et enlevez‑la pour la chandelle (equivalente literal com sentido metafórico).