Deus dá o pão, mas o pobre não tem dentes

Deus dá o pão, mas o pobre não tem dentes.
 ... Deus dá o pão, mas o pobre não tem dentes.

Há bens ou oportunidades disponíveis, mas faltam meios, capacidades ou condições para deles usufruir.

Versão neutra

Existem recursos ou oportunidades, mas falta capacidade, acesso ou meios para os aproveitar.

Faqs

  • O que quer dizer este provérbio em poucas palavras?
    Significa que pode haver recursos ou oportunidades disponíveis, mas faltam as condições, meios ou capacidades para os aproveitar.
  • Quando é apropriado usar este provérbio?
    Quando se quer criticar ajuda mal planeada, apontar a discrepância entre oferta e capacidade de uso, ou alertar para a necessidade de apoio complementar (formação, infraestruturas).
  • O provérbio é ofensivo ou politicamente incorreto?
    Não é inerentemente ofensivo, mas pode ser interpretado como culpabilizador do pobre. Deve ser usado com cuidado para não minimizar causas estruturais da pobreza.
  • Qual é a origem histórica do ditado?
    A sua origem exacta é incerta; trata‑se de um provérbio popular transmitido oralmente em comunidades rurais e com variantes em várias línguas.

Notas de uso

  • Emprega-se para apontar a discrepância entre oferta e capacidade de aproveitamento (por ex., ajuda sem meios práticos).
  • Pode ter tom irónico para criticar a inutilidade de ajuda mal pensada ou a falta de preparação.
  • Também é usado de forma fatalista para justificar que quem recebe não consegue beneficiar, o que pode transferir a responsabilidade do doador para o receptor.
  • Em contexto moderno, refere-se tanto a carência material (falta de infraestrutura, formação) como a falta de competências ou condições sociais.

Exemplos

  • A ONG enviou computadores à escola, mas sem formação para os professores — como diz o provérbio, Deus dá o pão, mas o pobre não tem dentes.
  • O governo aumentou as bolsas de estudo, mas as universidades não disponibilizaram apoio prático; havia, portanto, recursos sem condições para os usar.
  • Quando a empresa ofereceu ferramentas novas sem explicar o funcionamento, os trabalhadores continuaram a ter dificuldades — um bom exemplo de recursos sem capacidade de aproveitamento.

Variações Sinónimos

  • Deus dá o pão, mas não dá os dentes
  • Deus dá o pão e o pobre não tem dentes
  • Dá-se o meio, não se dá o modo
  • Há pão, falta quem saiba mastigar

Relacionados

  • A cavalo dado não se olha o dente
  • Quem não tem cão, caça com gato
  • Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar
  • Nem sempre o que se dá resolve o problema

Contrapontos

  • O provérbio pode sugerir que a culpa é do receptor por não saber aproveitar, ignorando fatores estruturais como pobreza, falta de educação ou ausência de infraestruturas.
  • Usado de forma acrítica, pode servir de desculpa para a ineficácia de políticas públicas ou da ajuda humanitária sem acompanhamento.
  • Em contexto contemporâneo, é preferível distinguir entre oferta insuficiente e ausência de condições de acesso, evitando culpabilizar os beneficiários.

Equivalentes

  • inglês
    God gives the nuts, but he does not crack them.
  • alemão
    Gott gibt die Nüsse, aber er knackt sie nicht.
  • espanhol
    Dios da el pan, pero al pobre le faltan los dientes.