Morto o afilhado, acabou-se o compadrado.
Quando cessa o interesse ou o benefício que sustentava uma relação, essa relação também termina; lealdades condicionais acabam quando desaparece o favorecido.
Versão neutra
Quando deixa de existir a pessoa que garante os benefícios, também deixa de existir a relação de favores.
Faqs
- Quando é apropriado usar este provérbio?
Usa-se para comentar situações em que relações de amizade ou apoio se revelam condicionais, geralmente com tom crítico ou irónico. Evite em contextos formais ou ao falar de luto. - O provérbio é ofensivo?
Não é intrinsecamente ofensivo, mas pode ser percebido como acusatório se dirigido a pessoas concretas; o tom costuma ser de censura social. - Refere-se literalmente a padrinhos e afilhados?
Originalmente alude à relação de compadrio, mas hoje o uso é metafórico e aplica-se a qualquer relação sustentada por benefício ou interesse.
Notas de uso
- Usa-se para criticar relações de amizade ou apoio baseadas em interesse ou conveniência.
- Tom habitualmente irónico ou desaprovatório; registo informal.
- Emprega-se em contextos familiares, profissionais, políticos ou comunitários para apontar hipocrisia ou clientelismo.
- Não é literal: refere-se a relações sociais dependentes de vantagens, não necessariamente a padrinhos e afilhados reais.
Exemplos
- O antigo dirigente garantia empregos a muita gente; agora que saiu, muitos descobriram que não eram amigos sinceros — morto o afilhado, acabou-se o compadrado.
- Disseram-lhe que podia contar com aqueles contactos enquanto tivesse o contrato; quando foi despedido, ninguém o ajudou — é o caso do ‘morto o afilhado, acabou-se o compadrado’.
- Os vizinhos só apareciam nas festas enquanto havia herança à vista; depois da partilha, desapareceram — provérbio perfeito para a situação.
Variações Sinónimos
- Morto o afilhado, morreu o compadrado
- Morto o afilhado, acabou a compadria
- Amizade de ocasião
- Amigos de ocasião
Relacionados
- Amigo na bonança, desconhecido na tempestade (variação sobre amigos condicionais)
- Quem só se lembra de ti quando precisa (expressão comum, não estritamente proverbio)
Contrapontos
- Há casos em que a lealdade persiste mesmo após a perda do benefício — amizades e vínculos familiares verdadeiros.
- Normas culturais ou religiosas podem manter relações de compadrio simbólicas apesar do desaparecimento da vantagem.
- Relações profissionais reguladas por contratos ou laços institucionais não desaparecem simplesmente com a perda de um indivíduo.
Equivalentes
- es
Muerto el ahijado, se acabó el compadrazgo (equivalente literal em espanhol) - en
Fair-weather friends; Out of sight, out of mind (aproximações em inglês sobre amizades condicionais) - fr
Ami de circonstance (aproximação em francês para amizade por conveniência)