Não há rei sem privado, nem privado sem ídolo.
O poder gera favorecimentos e redes de clientela: todo soberano tem um favorito, e esse favorito, por sua vez, tem alguém a quem favorece ou que o admira.
Versão neutra
Não há governante sem um protegido, nem protegido sem alguém que o favoreça ou admire.
Faqs
- O que significa 'privado' neste provérbio?
Aqui 'privado' é um uso arcaico que designa um favorito ou membro íntimo da comitiva do rei, alguém em posição de confiança e influência junto ao soberano. - Quando posso usar este provérbio?
Use‑o para criticar ou comentar situações em que se percebe clientelismo, favoritismo ou redes de influência, sobretudo em política, instituições públicas ou empresas. - O provérbio implica que todo protegido é incompetente?
Não necessariamente: o provérbio descreve um padrão social (favorecimento e admiração recíproca), não avalia a competência individual. É uma observação cínica sobre estruturas de poder. - Qual é a origem histórica desta frase?
A origem exacta é desconhecida; trata‑se de um ditado de tradição popular que remonta ao ambiente cortesão e à observação das hierarquias e clientelas em torno do poder.
Notas de uso
- Usa‑se para comentar dinâmicas de poder, clientelismo e redes de influência, especialmente em contextos políticos ou cortesãos.
- Tom frequentemente cínico ou crítico; sugere inevitabilidade de favoritismos, não necessariamente legitimidade.
- Registo: arcaico/formal. Em contextos modernos pode ser convertido para termos como 'favorito', 'protegido' ou 'cliente'.
- A palavra 'privado' no provérbio não deve ser interpretada apenas literalmente (como alguém que cuida da higiene pessoal do rei), mas como um conselheiro ou favorito em confiança.
Exemplos
- Na reunião do executivo, comentaram que a nomeação parecia resposta a uma rede de favores — não há rei sem privado, nem privado sem ídolo.
- No gabinete da empresa, quando uma promoção pareceu política, um colega murmurou o provérbio para explicar o jogo de influências.
- Ao analisar cortes históricas, o historiador notou que a frase descreve bem como surgiam favoritos e clientes em torno do trono.
Variações Sinónimos
- Onde há rei há favorito, e onde há favorito há adulador.
- Não existe senhor sem protegido, nem protegido sem admirador.
- Onde há poder há cliente e bajulador.
Relacionados
- Quem tem padrinho não morre pagão (sobre a vantagem dos protegidos)
- Poder atrai bajuladores (expressão de sentido semelhante)
- Todo poder gera interesses (sentido afim)
Contrapontos
- Nem sempre as promoções resultam de favores; em organizações com critérios claros, o mérito pode prevalecer.
- A frase generaliza realidades históricas e políticas; hoje existem mecanismos (transparência, concursos) que reduzem clientelismos.
- Ter um protegido não implica necessariamente corrupção ou incompetência — às vezes há identificação legítima de talento.
Equivalentes
- Inglês
Every court has its favourite; every favourite has his followers (equivalent idea: power breeds favourites and flatterers). - Espanhol
No hay rey sin favorito, ni favorito sin adulador. - Francês
Il n'y a pas de roi sans favori, ni de favori sans flatteur.