Nem mula manca há de sarar, nem mulher má se há de emendar.
Afirma que certas características ou comportamentos são difíceis (ou impossíveis) de mudar, sugerindo a futilidade de tentar reformar algo ou alguém considerado intrinsecamente defeituoso.
Versão neutra
Nem animal manco há de sarar, nem pessoa má se há de emendar.
Faqs
- Este provérbio é apropriado hoje em dia?
É expressão tradicional, mas a forma que inclui «mulher má» é considerada descontextualizada e sexista hoje. Convém evitar o uso literal e preferir versões neutras ou frases que reconheçam a possibilidade de mudança. - Quando é útil aplicar este provérbio?
Quando se quer transmitir frustração ou cautela perante repetidos comportamentos negativos que parecem não mudar, mas sempre com cuidado para não usar-o como desculpa para não tentar ajudar. - Existe alternativa positiva?
Sim: enfatizar que mudança é possível com vontade, educação ou apoio — por exemplo, «com persistência e apoio, muitos mudam» — é uma alternativa mais construtiva. - De onde vem a referência à mula e à mulher?
Metáforas animais e referências a géneros eram comuns no léxico popular antigo para ilustrar características percebidas como teimosas ou irreversíveis. A origem é oral e popular, sem autor conhecido.
Notas de uso
- Uso coloquial e proverbial para exprimir resignação perante a tentativa de mudar alguém ou algo.
- Tom arcaico; contém linguagem sexista (refere-se especificamente a 'mulher má'), pelo que é considerado inadequado em contextos contemporâneos sensíveis à igualdade de género.
- Empregado com frequência como prosa de conselho ou advertência (por exemplo, evitar confiar em quem já mostrou traços recorrentes).
- Não deve ser usado para justificar falta de apoio a processos de reabilitação ou educação; muitas pessoas mudam com intervenção adequada.
Exemplos
- Depois de tantas promessas e os mesmos comportamentos, o tio disse: «Nem mula manca há de sarar, nem mulher má se há de emendar» — e deixou de confiar nele.
- Num contexto mais neutro: «Nem animal manco há de sarar, nem pessoa má se há de emendar», disse ela, significando que mudanças profundas exigem tempo e vontade própria, não só pressão externa.
- Quando a equipa tentou reeducar um trabalhador que repetia os mesmos atrasos, o gerente comentou resignado que ‘há coisas que custam a mudar’, citando o provérbio para justificar a demissão.
Variações Sinónimos
- Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
- É difícil mudar a natureza de alguém.
- Não se faz mel com enxofre.
Relacionados
- Quem nasce torto, tarde se endireita (variação sobre a mesma ideia).
- Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura (contraponto: a persistência pode mudar).
- Não há fetiche que não se quebre (contexto de inevitabilidade de ruptura).
Contrapontos
- Muitos estudos mostram que educação, terapia e circunstâncias de vida podem levar a mudanças comportamentais reais.
- O provérbio generaliza e assume impossibilidade de mudança; na prática, pessoas e hábitos mudam com apoio e incentivos.
- A referência específica a «mulher má» é misógina e não é aceitável como argumento moderno; a igualdade de género implica evitar tais generalizações.
Equivalentes
- inglês
You can't teach an old dog new tricks. - espanhol
De casta le viene al galgo ser corredor (parcial) / No hay mula que remendada cure (equivalente popular)