O abuso não tira o uso

O abuso não tira o uso.

O uso incorrecto ou excessivo de algo não anula a sua utilidade intrínseca.

Versão neutra

Um uso abusivo não invalida a utilidade do que é útil quando bem usado.

Significa que devemos aceitar o abuso?
Não. O provérbio distingue a utilidade de algo do facto de ter sido mal usado; não exonera os responsáveis nem dispensa medidas para prevenir ou reparar o abuso.
Quando é apropriado usar este provérbio?
Quando se quer sublinhar que um instrumento, prática ou instituição mantém valor apesar de usos indevidos, e para argumentar a favor de consertos, regulamentação ou distinções em vez de eliminação total.
Pode ser um argumento falacioso?
Sim — se usado para ignorar danos reais ou riscos causados pelo abuso. É importante avaliar caso a caso e não apoiar o provérbio como justificação automática para não agir.

Emprega-se para defender que não se deve desprezar ou abolir um instrumento, prática ou ideia só porque foi mal usado por alguns.
Não equivale a tolerar o abuso: reconhece-se a utilidade enquanto se admite a necessidade de limites, reparação ou regulamentação.
Frequentemente usado em debates sobre políticas públicas, tecnologia, leis, instituições e bens materiais.

O facto de algumas pessoas terem usado a rede social para difundir desinformação não significa que devamos fechar a plataforma por completo — o abuso não tira o uso.
Mesmo depois de anos de trabalhos pesados, a máquina ainda tem utilidade para tarefas menores; o abuso não tira o uso, basta repará‑la quando necessário.

Em casos de desgaste irreparável ou perigo (por exemplo, material estrutural comprometido), o abuso pode, de facto, anular a utilidade.
Quando o abuso implica violação de direitos ou riscos sistemáticos, manter o uso sem alterações pode ser irresponsável.
Argumentar apenas com este provérbio pode ocultar a necessidade de reforma, fiscalização ou mesmo proibição.