O medo do mal provoca o mal do medo
O receio de algo negativo pode, por si só, gerar consequências negativas semelhantes às que se teme.
Versão neutra
Temer um mal pode contribuir para que esse mal se concretize.
Faqs
- Quando é apropriado usar este provérbio?
Quando se quer advertir que a antecipação ansiosa de perigos pode causar efeitos indesejados — especialmente em contextos de tomada de decisão, saúde mental e gestão de crises. - Isto implica que quem tem medo é sempre culpado pelo mal que sofre?
Não. O provérbio aponta uma tendência geral, não é uma justificação para culpar vítimas. Muitas situações têm causas objectivas onde o medo não é determinante. - Como se relaciona com conceitos psicológicos?
Religa-se à profecia autorrealizável e ao efeito nocebo: expectativas negativas e ansiedade podem alterar comportamentos e percepções, aumentando a probabilidade de resultados adversos.
Notas de uso
- Usado para alertar contra a antecipação ansiosa de problemas que pode piorar ou provocar esses mesmos problemas.
- Adequado em contextos pessoais, psicológicos, sociais e políticos para descrever efeitos de ansiedade e decisões precipitadas.
- Registo neutro/afetivo: pode soar filosófico ou proverbial; evitar como justificação para comportamentos abusivos (não deve ser usado para culpar vítimas).
- Relaciona-se bem com termos técnicos como profecia autorrealizável e efeito nocebo; pode servir como conselho para moderar reações exageradas.
Exemplos
- Ela passou tanto tempo a imaginar todas as coisas que podiam correr mal que acabou por hesitar e perder a oportunidade — o medo do mal provocou o mal do medo.
- Num surto de pânico, as autoridades tomaram decisões precipitadas que agravaram a crise; o medo do mal provocou o mal do medo.
- No consultório, a ansiedade do paciente intensificou a perceção da dor (efeito nocebo): neste caso, o medo do mal provocou o mal do medo.
- O ciúme obsessivo levou-o a provocar conflitos com a parceira; o receio de a perder tornou-se causa da própria perda.
Variações Sinónimos
- O medo cria o mal que teme
- O receio torna real o perigo
- Quem vive no medo, atrai o infortúnio
- O temor pode gerar o próprio dano
Relacionados
- profecia autorrealizável
- efeito nocebo
- ansiedade
- paralisia por análise
- precaução vs temor
Contrapontos
- O medo, em doses moderadas, é uma resposta adaptativa que protege contra riscos reais e motiva precauções úteis.
- Nem todo receio provoca o mal; muitas vezes o medo leva a comportamentos preventivos que evitam ou minimizam danos.
- Atribuir todos os males ao medo pode ignorar causas objectivas e estruturais que necessitam de análise e intervenção.
Equivalentes
- inglês
Fear itself (expression: 'The only thing we have to fear is fear itself') — o medo pode ser fonte de problemas - espanhol
El miedo crea el mal que teme / El miedo engendra más miedo - francês
La peur engendre le mal qu'elle redoute / La peur crée la peur - alemão
Die Angst vor dem Übel bringt oft das Übel der Angst