O que se há-de dar ao rato dá-se ao gato

O que se há-de dar ao rato dá-se ao gato ... O que se há-de dar ao rato dá-se ao gato

Advertência de que o que se entrega a um destinatário mais fraco ou secundário pode acabar nas mãos de um mais forte ou dominante; alerta para consequências indiretas de concessões ou distribuições.

Versão neutra

O que se dá a um pode acabar por ir para outro.

Faqs

  • O que significa este provérbio, em poucas palavras?
    Significa que aquilo que se entrega a um destinatário mais fraco ou secundário pode acabar nas mãos de um mais forte; é um aviso sobre consequências indiretas.
  • Quando é apropriado usar este provérbio?
    Ao discutir distribuição de recursos, privilégios ou ao alertar para o risco de concessões serem exploradas por terceiros. É adequado em registo informal e conversas quotidianas.
  • É um provérbio pejorativo para quem recebe?
    Nem sempre; pode ter tom precautório. Por vezes é usado de forma crítica quando se teme apropriação indevida, não necessariamente para desvalorizar o receptor original.
  • Há contextos onde o provérbio não se aplica?
    Sim — quando há mecanismos de controlo, supervisão ou exclusividade que impedem a apropriação por terceiros, o provérbio deixa de ser válido como advertência.

Notas de uso

  • Usado em contexto popular para avisar sobre a distribuição de bens, privilégios ou concessões que podem ser apropriadas por terceiros.
  • Tom geralmente cauteloso ou resignado; pode servir para justificar limitação ou vigilância sobre quem recebe algo.
  • Não é formal; aparece em registos regionais e na fala quotidiana.
  • O provérbio enfatiza efeitos colaterais e não dá regra absoluta — depende de contexto e de mecanismos de controlo.

Exemplos

  • Na reunião sobre benefícios da empresa disse-se: não podemos distribuir sem regras — o que se há-de dar ao rato dá-se ao gato, e depois ninguém cumpre os critérios.
  • Quando partilhávamos comida com as crianças, a avó lembrava: cuidado com a despensa — o que se há-de dar ao rato dá-se ao gato, ou seja, o que deixarmos desprotegido será aproveitado por quem puder.
  • Ao decidir doar material escolar apenas a algumas famílias, a comissão temeu reclamações: o que se há-de dar ao rato dá-se ao gato; se não houver transparência, outros irão reclamar.
  • Num contexto de disciplina, o professor advertiu: se perdoarmos sempre pequenas faltas, mais tarde as maiores também serão toleradas — o que se há-de dar ao rato dá-se ao gato.

Variações Sinónimos

  • O que se dá ao rato também se dá ao gato
  • O que se dá a um acaba por ir para outro
  • Aquilo que se oferece ao pequeno chega ao grande

Relacionados

  • Quem dá aos pobres empresta a Deus (tem conotações diferentes, sobre caridade)
  • Dar com uma mão e tirar com a outra (sobre incoerência na distribuição)
  • Dar mole aos outros (sobre permissividade que é aproveitada)

Contrapontos

  • Em situações controladas por regras claras (listas, registos, quotas) o benefício pode ser dirigido apenas ao destinatário pretendido, invertendo o provérbio.
  • Programas sociais bem desenhados evitam que o recurso dado aos mais vulneráveis seja usurpado por intermediários; a generalização do provérbio não se aplica nesses casos.
  • Quando existe vigilância, contratos ou exclusividade (por exemplo, vales nominativos), é possível dar só ao 'rato' sem que o 'gato' usufrua.

Equivalentes

  • Inglês
    Give someone an inch and they'll take a mile (concessão que pode ser aproveitada).
  • Espanhol
    Lo que se da al ratón, se lo come el gato (variante literal usada em algumas zonas hispanofalantes).
  • Francês
    Ce qu'on donne à la souris, le chat le prend (tradução literal usada coloquialmente).
  • Alemão
    Was der Maus gegeben wird, kriegt die Katze (tradução literal; não é proverbial em alemão padrão).