Quem jogou, pediu e furtou; quem jogar, pedirá e furtará.
Advertência moral: actos censuráveis tendem a repetir-se e a escalar; quem pratica um vício ou crime no passado ou no presente provavelmente voltará a fazê‑lo.
Versão neutra
Quem agiu assim no passado pediu e furtou; quem agir assim no futuro pedirá e furtará.
Faqs
- O que quer dizer exactamente 'jogar' neste provérbio?
A palavra 'jogar' pode referir‑se literalmente ao acto de jogar (por exemplo, jogos de azar) ou, em sentido mais figurado, a comportamentos imprudentes/irresponsáveis que levam a pedir ou a furtar. O contexto oral costuma esclarecer o sentido. - Este provérbio implica que as pessoas não podem mudar?
Literalmente sim, expressa uma visão determinista. Contudo, é uma norma moral tradicional e não um facto universal: na prática, muitas pessoas mudam com apoio, pena reabilitadora ou circunstâncias alteradas. - Como posso usar esta expressão hoje sem parecer antiquado ou julgador?
Use‑a com cautela e, se necessário, prefira uma versão modernizada e explicativa: por exemplo, «Comportamentos repetidos tendem a escalar; quem começou a roubar arrisca repetir», e complemente com proposta de prevenção ou reabilitação.
Notas de uso
- Uso sobretudo como advertência ou juízo moral sobre comportamentos repetitivos e consequentes.
- Registo algo arcaico; sente‑se uma construção proverbial/ternária característica da oralidade tradicional.
- Pode aplicar‑se tanto a casos de crime (furtos) como a vícios sociais (jogo, pedintes que caem em dependência).
- Não é uma afirmação científica: expressa uma visão normativa e determinista; em contexto moderno pode soar fatalista ou julgadora.
Exemplos
- Quando discutíamos a reincidência naquela associação, o mais velho comentou: «Quem jogou, pediu e furtou; quem jogar, pedirá e furtará» — era um aviso sobre não confiar cegamente em quem já abusou.
- Num debate sobre políticas de reinserção, alguém ironizou com o provérbio: «Se pensarmos assim, nunca investimos em recuperação — ‘quem jogou, pediu e furtou’», para criticar a ideia de condenar permanentemente o indivíduo.
Variações Sinónimos
- Quem joga, pede e furta.
- Quem jogou, há de pedir e furtar.
- Quem rouba uma vez, rouba sempre. (variante mais directa)
- Quem semeia vícios, colhe delitos. (versão interpretativa)
Relacionados
- Quem semeia ventos, colherá tempestades.
- Quem rouba uma vez, rouba sempre.
- O crime não compensa. (sentido moralizador semelhante)
Contrapontos
- A fórmula é determinista e não admite a possibilidade de mudança, recuperação ou reintegração social.
- Focar apenas na repetição de actos pode ignorar causas sociais, económicas ou de saúde (por exemplo, dependência) que explicam comportamentos.
- Usado sem cuidado pode estigmatizar pessoas e justificar exclusão em vez de apoiar reabilitação.
Equivalentes
- Português (variante)
Quem rouba uma vez, rouba sempre. - Inglês
Once a thief, always a thief. - Espanhol
Quien roba una vez, roba siempre. - Francês
Qui vole une fois, vole toujours.