Quem levou o tiro, que conte os buracos.
Só quem foi prejudicado ou sofreu a consequência tem legitimidade para quantificar ou descrever o estrago.
Versão neutra
Quem sofreu o dano que o descreva.
Faqs
- Quando é apropriado usar este provérbio?
É apropriado em contextos informais para sublinhar que a pessoa afectada tem legitimidade para expor ou quantificar o prejuízo. Em situações formais ou legais, a expressão pode ser substituída por pedidos de depoimento ou relatórios técnicos. - O provérbio deve ser tomado à letra?
Não. É uma metáfora que usa a imagem do 'tiro' e dos 'buracos' para falar de dano e legitimidade de quem sofreu. Não incita violência; refere‑se à autoridade de quem experienciou o prejuízo. - Há riscos ao aplicar este princípio em decisões?
Sim. Confiar apenas na versão da parte afectada pode levar a avaliações parciais. O ideal é combinar o testemunho directo com provas independentes sempre que possível.
Notas de uso
- Registo: coloquial; comum em conversas informais e em debates sobre responsabilidades.
- Uso habitual para defender a autoridade da vítima ou da pessoa directamente afectada numa avaliação de prejuízos.
- Não deve ser usado para dispensar avaliações objectivas quando estas são necessárias (por exemplo, em peritagens legais ou técnicas).
- Pode soar contundente; em contextos sensíveis recomenda‑se cuidado para não trivializar o sofrimento alheio.
Exemplos
- Na reunião sobre os cortes orçamentais, ele lembrou: 'quem levou o tiro, que conte os buracos' — quem perdeu o emprego deve explicar o impacto real.
- Quando começou a discussão sobre a inundação, a vizinha disse que é melhor ouvir os moradores: 'quem levou o tiro, que conte os buracos', porque eles sabem exactamente o que aconteceu.
Variações Sinónimos
- Quem sofreu, que conte o dano.
- Quem levou a facada que mostre as marcas.
- Quem foi ferido que descreva a ferida.
- Quem sofreu é que sabe onde dói.
Relacionados
- Quem sofre é que sabe.
- Cada qual sabe onde lhe aperta o sapato.
- Quem tem boca, diga o que sente.
Contrapontos
- Avaliações devem, por vezes, ser feitas por terceiros imparciais (peritos, arbitradores) para garantir objectividade.
- A experiência pessoal é valiosa, mas pode ser complementada com provas documentais e medições técnicas.
- Dar voz apenas à parte afectada pode enviesar a decisão; é prudente ouvir todas as partes envolvidas.
Equivalentes
- Inglês
Let the wounded count their wounds (literal) / Those who were harmed are best placed to describe the damage. - Espanhol
El que recibió el disparo que cuente los agujeros (literal) / Quien sufrió, que cuente el daño. - Francês
Que celui qui a reçu la balle compte les trous (literal) / Qui a été blessé sait mieux évaluer le préjudice.