A homem calado e mulher barbada, em tua casa não lhes dês pousada.
Aconselha desconfiança em relação a quem foge ao que é considerado «normal» (um homem muito calado ou uma mulher com barba) e recomenda não os receber em casa; historicamente apoia-se em estereótipos sobre silêncio e aparência.
Versão neutra
Não dês abrigo a quem te inspira desconfiança, mas evita julgar apenas pela aparência ou pelo silêncio.
Faqs
- Este provérbio é ofensivo?
Pode ser considerado ofensivo porque contém juízos generalizados sobre género e aparência (por exemplo, ridiculariza mulheres com barba) e recomenda exclusão. Hoje é visto por muitos como carregado de preconceito. - Posso usar este provérbio num contexto moderno?
Recomenda‑se cautela. Em contextos informais pode aparecer em tom irónico ou histórico; em contextos profissionais, educativos ou inclusivos é preferível evitar‑lo ou explicitar a crítica aos estereótipos que carrega. - Qual é a lição prática que o provérbio pretendia transmitir?
Historicamente pretendeu advertir para a prudência face ao desconhecido — não abrir a casa a estranhos que inspiram suspeita. Contudo, a forma tradicional utiliza critérios subjectivos (silêncio, aparência) que não justificam discriminação.
Notas de uso
- Uso tradicionalmente coloquial e popular; aparece em contextos de conselho ou advertência.
- Contém juízos de valor sobre género e aparência; hoje deve ser usado com cautela ou ironicamente.
- Em comunicação formal ou inclusiva é preferível evitar o provérbio tal‑qual, por poder ser considerado ofensivo.
- Expressa prudência, mas pode incentivar preconceito e discriminação se tomado ao pé da letra.
Exemplos
- Quando bateram à porta tarde da noite, lembrou‑se do provérbio e pediu identificação antes de abrir: 'A homem calado e mulher barbada, em tua casa não lhes dês pousada'.
- Usaram a dita de forma irónica para criticar uma atitude de desconfiança infundada: 'Não podemos expulsar alguém por ser diferente — o provérbio já não cabe aqui.'
- Numa conversa sobre preconceitos, alertou‑se que o provérbio reflecte medos antigos e que hoje deve ser relativizado ou evitado.
Variações Sinónimos
- Ao homem calado e à mulher barbada não dês pousada
- Ao homem calado e à mulher barbada não lhes dês abrigo
- Não acolhas quem te inspira suspeita (variante neutra)
- As aparências podem inspirar desconfiança (variante interpretativa)
Relacionados
- Águas paradas são profundas
- Não julgues o livro pela capa
- As aparências enganam
Contrapontos
- Silêncio não é prova de má intenção: pessoas caladas podem ser tímidas, ponderadas ou cautelosas.
- Mulheres com barba (ou outras características físicas fora da norma) não devem ser alvo de exclusão ou estigma.
- Provérbios que generalizam sobre género e aparência perpetuam estereótipos e podem causar discriminação.
- Num contexto moderno, a prudência não deve justificar a violação da hospitalidade nem o preconceito.
Equivalentes
- inglês
"Still waters run deep" (parte relativa ao homem calado); "Don't judge a book by its cover" (parte relativa à aparência) - espanhol
"Las apariencias engañan" / "En boca cerrada no entran moscas" (parcialmente equivalente em sentido de silêncio e aparência)