Quem apanha de mulher, não se queixa a delegado.
Sugere que quem sofre agressões por parte da esposa não deve ou não tem fundamento para se queixar às autoridades; carrega uma mensagem de vergonha e de manutenção da situação privada.
Versão neutra
Ninguém deve sentir-se envergonhado por procurar ajuda ou queixar-se às autoridades quando é vítima de violência doméstica.
Faqs
- Este provérbio é aceitável hoje em dia?
Hoje é geralmente considerado inapropriado e potencialmente ofensivo, porque naturaliza e estigmatiza vítimas de violência doméstica. A tendência contemporânea é incentivar a denúncia e o apoio às vítimas, independentemente do sexo. - Devo denunciar mesmo que a vítima seja um homem?
Sim. A lei e os serviços de apoio destinam-se a proteger todas as vítimas de violência doméstica. Não há justificativa para silenciar ou envergonhar quem sofre agressões. - O provérbio tem alguma utilidade linguística ou cultural?
Como fenómeno linguístico, revela atitudes culturais históricas sobre privacidade, honra e papéis de género. Serve como exemplo de como provérbios podem refletir valores que hoje se questionam.
Notas de uso
- Historicamente usado em contextos onde se privilegiava a privacidade do lar e onde existia vergonha associada a homens vítimas de violência doméstica.
- Hoje é considerado problemático: revindica estigmas de género e tendência para silenciar vítimas de violência, independentemente do sexo.
- Pode aparecer em registo coloquial ou jocoso, mas o seu uso pode ferir quem sofreu abuso e normaliza comportamentos ilegais.
- Não é aconselhável usar este provérbio em contextos formais, jurídicos ou de apoio a vítimas.
Exemplos
- Antigamente ouviu-se: 'Quem apanha de mulher, não se queixa a delegado', o que mostrava como se invisibilizavam certas situações na família.
- Uma colega argumentou que o provérbio é inaceitável e insistiu: 'Se alguém é agredido, deve procurar a polícia e apoio, sem vergonha'.
Variações Sinónimos
- Quem leva porrada de mulher, não se queixa ao delegado.
- Quem se deixa bater por mulher, não chama a polícia.
- Em briga de marido e mulher, ninguém deve ir para a polícia
Relacionados
- Em briga de marido e mulher, não se mete a colher.
- O que é da casa, fica na casa.
- Cada família com seus assuntos.
Contrapontos
- A violência doméstica é crime independentemente do sexo da vítima; deve ser denunciada e investigada.
- Prover apoio e proteção às vítimas (abrigo, assistência psicológica, aconselhamento jurídico) é uma obrigação social e do Estado.
- A ideia de vergonha impede a proteção de direitos humanos básicos; normalizar o silêncio aumenta o risco de dano contínuo.
Equivalentes
- Inglês (tradução literal)
He who gets beaten by his wife does not complain to the police. - Castelhano (tradução literal)
Quien recibe palizas de mujer, no se queja al delegado. - Francês (tradução literal)
Qui se fait battre par sa femme ne se plaint pas au commissaire.